O risco de morte pelo coronavírus é 17 vezes maior na população obstétricaReprodução

Por Jenifer Alves
Rio - O secretário municipal de saúde, Daniel Soranz detalhou, em coletiva de imprensa nesta terça-feira, a alteração no esquema vacinal do grupo de gestantes na cidade do Rio. Soranz relembrou que, por determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o grupo só poderá ser vacinado primeiramente com doses da CoronaVac ou Pfizer e, por conta disso, aquelas que tomaram a primeira dose de Astrazeneca podem completar a imunização com a segunda dose da Pfizer, que será aplicada nesta fase final. Ao todo, 1.800 pessoas estão incluídas no novo plano. A intercambialidade de imunizantes será feita por gestantes com comorbidades, puérperas com comorbidades e quem teve reação adversa grave à vacina britânica. No entanto, especialistas alertam que a medida não pode ser um precedente para a população geral escolher vacina ou tomar doses de imunizantes diferentes, pois a exceção vale apenas para as gestantes.
"Esse grupo de gestantes foi um grupo que foi muito atingido. A mortalidade materna na cidade do Rio de Janeiro cresceu três vezes comparada com o ano anterior. Então é um grupo que está muito exposto e que tem um risco alto de adoecer gravemente ou morrer de covid-19", explicou o secretário.
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De acordo com a determinação da Anvisa, publicada no dia 11 de maio, uma gestante apresentou um caso de trombose com plaquetopenia após ser imunizada com a AstraZeneca. Apesar de ser descrito como extremamente raro, o episódio fez com que a agência interrompesse a aplicação do imunizante a pessoas deste grupo.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), as vacinas da Pfizer estão disponíveis em todas as unidades de saúde. Apenas alguns postos extras de vacinação não receberam a vacina por não ter a infraestrutura necessária para o preparo. A Pfizer deve ser diluída e mantida em temperatura positiva entre 2C° e 8C°.
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O infectologista Alberto Chebabo, que integra o comitê científico da Prefeitura do Rio, reafirmou que a intercambialidade de vacinas foi aprovada apenas para o caso do grupo. Ele explicou que a faixa de contemplados iria perder o prazo para tomar a segunda dose após a determinação da Anvisa de suspender a imunização de gestantes com a AstraZeneca. Para a população geral, não há dados suficientes que comprovem a eficácia de misturar imunizantes e a recomendação segue a mesma: tomar as duas doses da vacina do mesmo produtor.
"A intercambialidade de vacinas foi baseada em algumas evidências que já estão publicadas, mostrando que é segura e que não há um risco elevado de perda de eficácia, muito pelo contrário. Nos trabalhos que a gente tem, é demonstrado que a eficácia é mantida. Baseado nessas evidências, a gente autorizou a utilização da vacina da Pfizer para que as gestantes pudessem ser imunizadas adequadamente, porque também estavam sem essa possibilidade. Para o uso na população em geral, a gente ainda precisa de mais dados para que essa autorização aconteça", pontuou.