Projeto do Gustavo Capanema Oscar Niemeyer, Carlos Leão, Jorge Machado Moreira, Affonso Eduardo Reidy e Ernani VasconcellosIPHAN

Rio - O Governo do Estado do Rio e a Assembleia Legislativa (Alerj) estudam fazer uma oferta ao Governo Federal pela compra do Palácio Capanema, edifício histórico que pode ser incluído pela União em uma lista de imóveis a serem vendidos à iniciativa privada. A proposta de compra foi debatida, nesta segunda-feira, em uma conversa entre o governador do Rio, Cláudio Castro, e o presidente da Alerj, deputado André Ceciliano.

A proposta inicial seria realizar a compra com recursos advindos do Governo do Estado e da Alerj (50% de cada). Nesta quarta-feira, haverá uma reunião sobre o tema, às 10h, no Palácio Tiradentes, antiga sede da Alerj. Participarão da reunião, além de Cláudio Castro e André Ceciliano, o historiador Marcus Monteiro, membro do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro (IHGB) e representantes de movimentos da sociedade civil, como a Associação Brasileira de Cineastas (Abraci).

O Palácio Capanema, que fica na Rua da Imprensa, no Centro do Rio, é considerado um dos maiores marcos da arquitetura moderna do país, e foi projetado pelos arquitetos Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Affonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Ernani Vasconcellos e Jorge Machado Moreira, sob supervisão do arquiteto franco-suíço Le Corbusier. O prédio, de 16 andares, foi construído entre 1936 e 1945.

O edifício é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1948, e tem revestimento externo ornamentado por painéis em azulejo de Cândido Portinari e pinturas de artistas como Guignard e Pancetti, além de jardins projetados pelo paisagista Burle Marx.

Para o presidente da Alerj, André Ceciliano, 'o Rio não pode perder o Palácio Capanema, símbolo do modernismo brasileiro'.

"Essa ação conjunta (compra em parceria com o Governo do Estado) será um presente ao estado no ano do centenário da Semana de Arte Moderna e do bicentenário da Independência (em 2022)", disse Ceciliano.

Segundo a assessoria de imprensa da Alerj, ainda não está definido se a proposta de compra será feita no leilão de imóveis a investidores, a ser realizado pelo Governo Federal, ou será apresentada ao Governo Federal de forma autônoma.

Na noite desta segunda-feira, André Ceciliano publicou em sua conta numa rede social:

"A Cultura do Rio de Janeiro não está à venda, e nós estamos juntos na luta pelo respeito à nossa história! É impensável e inconcebível que um palácio considerado um marco da Arquitetura Moderna Brasileira, tombado pelo IPHAN desde 1948, esteja encabeçando o pacote de imóveis que o Governo planeja apresentar no feirão programado pelo Ministério da Economia".

No âmbito da Alerj, os recursos serão advindos da devolução de verbas repassadas constitucionalmente, por ano, pelo Governo do Estado. Segundo a assessoria de imprensa da Alerj, foram economizados e devolvidos, desde 2017, R$ 1,3 bilhão. Desse montante, foram repassados R$ 20 milhões à UFRJ para a restauração do telhado do Museu Nacional, que pegou fogo em 2018, e R$ 5 milhões à Fiocruz, para ações de combate à pandemia nas comunidades do Rio. Os repasses foram feitos no ano passado. 
O DIA procurou o Governo do Estado, o Ministério da Economia e o Iphan, mas ainda não obteve resposta.