Crime aconteceu em 1994 na Favela Nova Brasília, no Complexo do AlemãoArmando Paiva/ Agência O Dia

Rio - As duas testemunhas que denunciaram os estupros praticados pelos cinco envolvidos no suposto assassinato de 13 pessoas na Favela Nova Brasília, em 1994, reconfirmaram ter sido vítimas de abusos durante o julgamento da ação, no fim da tarde desta segunda-feira. A ação acontece depois de 27 anos e estão sendo julgados o inspetor Rubens de Souza Bretas, o delegado Ricardo Gonçalves Martins, o ex-PM José Luiz Silva dos Santos e os ex-policiais civis Carlos Coelho Macedo e Paulo Roberto Wilson da Silva. Um sexto réu, o policial Plínio Alberto dos Santos Oliveira, teve sua punibilidade extinta por ter morrido no curso do processo, em 2018.
O Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ) reabriu as investigações das chacinas da Nova Brasília em cumprimento à sentença determinada pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) que condenou o Brasil pelas mortes em 2017. A Corte IDH determinou ao Estado Brasileiro o pagamento de indenizações por danos material e moral aos familiares das vítimas e às mulheres que sofreram violência sexual.
Publicidade
Os juízes da Corte obrigaram ainda o país a reativar investigações sobre as mortes e os incidentes de violência sexual, além de implementar programa ou curso permanente sobre atendimento a mulheres vítimas de abuso.
Execuções na Nova Brasília
Publicidade
No dia 18 de outubro de 1994, as polícias Civil e Militar do Rio realizaram uma incursão na favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão, com auxílio de helicóptero. Na ação, 13 jovens foram executados. De acordo com as denúncias formuladas, três mulheres, duas delas adolescentes na época, teriam sido torturadas e violentadas sexualmente. Após a repercussão da operação, uma comissão especial de sindicância instaurada para fornecer dados adicionais ao inquérito policial apurou indícios de execuções sumárias dos jovens e recolheu provas da violência sexual e tortura das adolescentes.
Na mesma comunidade, outra operação foi realizada no dia 8 de maio de 1995, como resultado de uma suposta denúncia anônima. Mais 13 jovens foram mortos na ação, que contou com auxílio de dois helicópteros.Cerca de 120 policiais participaram das duas operações.Os homicídios foram registrados como confrontos e autos de resistência, o que isentou os policiais da responsabilidade pelas mortes na época.