Encontro de parentes e amigos de vítimas da violência no Complexo do Chapadão Fabio Costa/Agência O Dia

Rio - Uma semana após a morte de Priscila Carmo, baleada durante troca de tiros entre policiais e criminosos no Chapadão, na Zona Norte do Rio, moradores da comunidade realizaram um ato para pedir a paz na região. A ação também promoveu uma roda de conversa, onde vítimas da violência e parentes relataram os momentos de terror e dor que viveram por conta da realidade na favela.


Fernanda Alves, moradora da comunidade, atingida por um disparo de fuzil em uma situação parecida com a que vitimou Priscila, relembrou durante a reunião o dia em que viveu a violência nas ruas da favela.

"Joguei minha filha no chão e a polícia atirando, atirando. Quando abrimos os olhos vimos eles agachados atirando. Um dos tiros pegou em mim. Estou com uma bala de fuzil alojada. Minha filha de 4 anos pegou trauma. Ela escuta tiro e começa a ficar nervosa. Ela precisa de psicólogo toda semana", conta.

Thaysi Cristina, de 30 anos, também participou da ação e disse como se tornou uma vítima da violência na comunidade. Ela foi atingida no queixo em 2011 quando ia levar o filho na escola. A bala perfurou o rosto e segue alojada em seu pescoço. "Hoje sofro de ansiedade e vivo com medo", revelou.
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Coordenador de projetos ONG Rio de Paz, Lucas Louback, afirmou que a caminhada teve objetivo de ouvir pessoas que tiveram direitos violados. "Estivemos na casa da Priscila na sexta, um dia após sua morte. Ouvimos sua família e deixamos aberto um canal para qualquer auxílio emergencial que tivesse necessidade e também acionar os órgãos públicos. Nossa intenção era escutar não só a família da Priscila, mas também outros moradores que também tiveram direitos violados. Tivemos uma série de moradores com histórico de traumas em operações da polícia militar na região", explicou.

O encontro com as vítimas da violência no Complexo do Chapadão, em Costa Barros, na Zona Norte, começou por volta das 14h30, com uma roda de conversa e terminou com a visita dos parentes de Priscila ao lugar onde ela foi atingida pelo disparo. Emocionada, a irmã da jovem, Taiana, chegou a apontar para a marca do disparo que, após atingir sua irmã, perfurou uma parede de uma casa na comunidade.
A ação foi organizado por lideranças comunitárias da favela. Contou ainda com a participação da ONG Rio de Paz e de  membros das comissões de Direitos Humanos da OAB e da Alerj de Defensoria Pública.
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