Rio - O major da PM Ronald Paulo Alves Pereira e Maurício Silva da Costa, o "Maurição", tenente reformado da Polícia Militar serão julgados nesta quinta-feira, a partir das 10h, no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). Os dois eram chefes do grupo miliciano, ao lado de Adriano Magalhães da Nóbrega, ex-capitão do Bope, morto em fevereiro do ano passado. Eles foram presos durante a 'Operação Intocáveis I', realizada em 22 de janeiro de 2019.
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Além deles, outros dez acusados de integrar uma milícia que atuava na Zona Oeste do Rio, também presos na 'Operação Intocáveis', vão ser julgados.
Na época, a ação prendeu cinco dos 13 denunciados. De acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), o grupo criminoso agia na região das comunidades de Rio das Pedras, da Muzema e adjacências.
Em janeiro do ano seguinte, na Operação Intocáveis II, foram expedidos pela Justiça 44 mandados de prisão, nove deles contra policiais civis e militares.
O grupo alvo da denúncia do MP é acusado de crimes como homicídio qualificado, formação de organização criminosa e corrupção ativa.
Um dos objetivos da operação, divulgado pelo MP, é coibir a grilagem de terras. Através de escutas e informações do Disque Denúncia, os envolvidos foram denunciados pela construção, venda e locação ilegais de imóveis; receptação de carga roubada; posse e porte ilegal de arma; extorsão de moradores e comerciantes, mediante cobrança de taxas referentes a "serviços" prestados; ocultação de bens adquiridos com os proventos das atividades ilícitas, por meio de "laranjas"; falsificação de documentos; pagamento de propina a agentes públicos; agiotagem; utilização de ligações clandestinas de água e energia; e uso da força como meio de intimidação e demonstração de poder.
São réus no processo:
1- Maurício Silva da Costa, tenente reformado da PM, o Maurição, Careca, Coroa ou Velho; 2- Ronald Paulo Alves Pereira, o major da PM conhecido como Major Ronald ou Tartaruga; 3- Laerte Silva de Lima; 4- Manoel de Brito Batista, o Cabelo; 5- Benedito Aurélio Ferreira Carvalho, o Aurélio 6- Daniel Alves de Souza; 7- Fabiano Cordeiro Ferreira, o Mágico; 8- Fábio Campelo Lima; 9- Gerardo Alves Mascarenhas, o Pirata; 10- Jorge Alberto Moreth, o Beto Bomba; 11- Júlio Cesar Veloso Serra; 12- Marcus Vinicius Reis dos Santos, o Fininho.
Quando deflagrada a Intocáveis I, a denúncia do Ministério Público apontava que o capitão Adriano (morto), Major Ronald e o tenente reformado da PM Maurício Silva da Costa, o 'Maurição’' como os líderes da organização de Rio das Pedras e adjacências. Jorge Alberto Moreth, o "Beto Bomba", era o presidente da Associação de Moradores da comunidade, cargo conquistado, segundo o MP, a partir de ameaças e uso de força.
Através da associação eram realizadas as transações de compra e venda dos imóveis construídos ilegalmente e a manipulação de documentos necessários à concretização de operações ilícitas. "'Beto Bomba' goza de informações privilegiadas sobre operações policiais realizadas nas localidades dominadas, sempre alertando seus subordinados, de forma prévia, sobre as intervenções programadas, a fim de que o esquema criminoso não seja desbaratado", diz o Ministério Público.
Documentos comprovam que moradores eram obrigados a alugar determinadas casas e se precisassem de empréstimos não poderiam pegar em bancos ou empresas especializadas. Os moradores eram obrigados a contratar as dívidas junto à associação. Em um dos documentos o Ministério Público encontrou uma pessoa que fez um empréstimo de R$ 100 mil a juros de 6% ao mês. Em outro documento, os policiais encontraram o nome de pelo menos 20 pessoas que alugavam casas e apartamentos dos milicianos. De acordo com as provas, que estão sendo analisadas, todas as operações de compra e venda de imóveis passava pelo crivo da associação de moradores de Rio das Pedras.
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