Estação Imunana Elevatória de Água Bruta e ponto de captação de água, em MagéReginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Rio - Com as chuvas dos últimos três dias no estado do Rio, o abastecimento de água voltou ao normal na Região Metropolitana. Segundo a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), o sistema Imunana-Laranjal retomou totalmente a produção de água no último domingo (29). A produção havia sido reduzida para 88% devido à baixa vazão do manancial onde a companhia capta água para tratamento, causada pela estiagem das últimas semanas. No entanto, apesar do fornecimento de água para os municípios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Ilha de Paquetá e parte de Maricá (Inoã e Itaipuaçu) estar normalizado, caso haja futuras estiagens no mês de setembro, a produção pode ser reduzida novamente. O o Coordenador da Engenharia Ambiental da Universidade Veiga de Almeira (UVA) e especialista em Recursos Hídricos, Cezar L. F. Pires, alerta para a possibilidade de racionamento hídrico no Rio nos próximos meses.
Segundo Cezar Pires, o Rio de Janeiro está passando pela época de estiagem. "O meio do ano é a época de estiagem na Região Sudeste onde você tem os meses mais secos, final de agosto, setembro e início de outubro. Esse ano parece que o Brasil está passando por uma estiagem um pouco mais rigorosa. À nível mundial, se fala em uma estiagem que não acontecia há 91 anos. Então, o estado não deve estar sendo diferente".
Cezar Pires explica que a estiagem foi mais grave para a Estação de Tratamento de Água Laranjal, alimentado pelo reservatório de Imunana, que abastece Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Ilha de Paquetá e parte de Maricá, em comparação à cidade do Rio, já que, segundo a Cedae, não houve redução da vazão de operação no Sistema Guandu e a Estação de Tratamento de Água (ETA) permanece operando em sua total capacidade. A maior parcela da água do Rio vem do Rio Paraíba do Sul, captada em Barra do Piraí, pelo sistema da Light, e tratada na Estação de Tratamento de Água do Guandu, em Seropédica.
O especialista analisa que as chuvas dos últimos dias estabilizaram os reservatórios de água, mas não elimina o risco de falta de água. "A gente ainda está indo para a época mais seca, que é setembro até início de outubro. A gente, em hidrologia, chama de ano hidrológico, que começa em outubro, quando começam a se aproximar as chuvas de verão. Então, a situação foi apaziguada um pouco por essas chuvas que estão acontecendo, mas são chuvas de inverno, chuvas de início de primavera, não são aquelas chuvas de verão ainda. Portanto, todo o cuidado é pouco nessa região".
No interior do estado, a estiagem afetou sistemas oriundos de mananciais, entre os quais: parte de Maricá, abastecido pelo rio Ubatiba, tendo redução de até 70%; Paty do Alferes, abastecido pelo córrego Marmelo, com redução de até 50%; e Magé, abastecido pelo sistema Paraíso com redução de até 60% do abastecimento.
A Cedae informou que está atuando para minimizar os efeitos da estiagem, realizando manobras operacionais e disponibilizando carros-pipa para abastecer de forma alternativa os imóveis da região. Em nota, a companhia solicitou que os clientes utilizem água de forma equilibrada e adiem atividades que demandem grande consumo.
Já a Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade informou que o Sistema Imunana Laranjal é abastecido a partir das águas da Bacia dos rios Guapi-Macacu, por meio do canal Imunana. Veja a íntegra: "Como a captação se dá direto do canal (sem ter regularização de um reservatório, por exemplo) a disponibilidade de água varia de acordo com o regime pluviométrico da região. As precipitações ocorridas, em agosto, para a estação Barragem de Cedae (http://alertadecheias.inea.rj.gov.br/mapa.php) apresentaram um total de 39,2mm até 16h do dia 31 de agosto. Cabe ressaltar que o baixo valor de precipitação é comum para esta época do ano.

As precipitações dos últimos dias provocaram um leve aumento de nível do Canal de Imunana, passando de cerca de 2,42m na madrugada do dia 26/08/21 para 2,63m na tarde do dia 31/08/21.

Independente dos volumes precipitados, é fundamental o consumo consciente da água, evitando os desperdícios. A pasta ambiental informa ainda que o fornecimento de água tratada para a população é atribuição das concessórias de abastecimento público e, na região em questão é feita pela Cedae e Águas de Niterói."
Para os próximos meses, Cezar Pires alerta para a possibilidade de racionamento hídrico no Rio, principalmente, em Niterói.
"Nos próximos dois meses todo cuidado é pouco e pode haver algum racionamento de água. Não é comum na cidade do Rio de Janeiro e em Niterói ter racionamento de água. Ao contrário da cidade de São Paulo. O Rio e a Baixada Fluminense, como são abastecidos pelo Paraíba do Sul, não costumam ter maiores racionamentos, pelo menos por enquanto, mas todo cuidado é pouco, principalmente na região de Niterói, que já nos deu o alerta da semana passada", informou.
Previsão de chuva para a primavera
A meteorologista do Alerta Rio, Juliana Hermsdorff, disse ao DIA que o mês de setembro é um período com características de inverno, frio e seco, mas também de primavera, quente e úmido, parecido com verão.
"Em setembro a gente já tem o início da primavera, no dia 22. Neste mês a gente já começa a ter umas característica da estação da primavera, começa a ter dias mais quentes, temperaturas mais elevadas, pode ter chances no final do dia de pancadas de chuva por causa do calor e umidade, o volume de chuva começa a aumentar. É um mês meio a meio, pode ter características do inverno e da primavera".
Apesar do especialista em recursos hídricos alertar sobre o racionamento de água nos próximos dois meses, Juliana explica que o mês de outubro, como tem mais características de primavera do que setembro, pode ser mais chuvoso. "Primavera e verão no Rio são estações mais chuvosas, chamadas de períodos chuvosos. O período seco é outono e inverno".
*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes