Circulação do ramal Japeri e da extensão Paracambi são suspensas nesta terça-feiraFoto: Cleber Mendes / Agência O Dia

Rio - Pelo segundo dia seguido, passageiros do ramal Japeri e da extensão Paracambi sofrem com a interrupção do serviço nos trens. Quem depende do transporte para ir para casa, notadamente moradores da Baixada Fluminense que trabalham no Centro do Rio, enfrenta atrasos, filas e viagens que podem demorar horas, com prejuízo na qualidade de vida. Em nota, a SuperVia explicou que a circulação de trens precisou ser pausada por causa de sucessivos furtos dos cabos de sinalização da linha. Nesta terça-feira, a operação foi normalizada por volta das 19h15, após mais de três horas interrompida.  
Morador de Austin, Nova Iguaçu, o auxiliar administrativo Ricardo de Souza, 39 anos, chega a demorar o dobro do tempo quando os trens do ramal Japeri são interrompidos. "Com esse roubo de cabos, os intervalos do trem aumentaram muito e estão saindo em horários irregulares. Hoje, precisei vir até o terminal rodoviário pegar um ônibus intermunicipal e a fila está quilométrica. Devem ter umas 500 pessoas na minha frente e só devo chegar em casa por volta das 22h. Com o trem, eu chegaria às 19h", pontuou.
Ricardo é passageiro assíduo dos trens da SuperVia. Todos os dias, embarca por volta das 6h da manhã para chegar ao trabalho, que fica no Centro do Rio. "O problema agora está sendo pra voltar, por causa desses furtos de cabo. Toda volta tem uma 'surpresa' diferente", relatou o auxiliar administrativo, que continuou: "A gente fica o tempo todo dentro do transporte público. Vou chegar em casa tarde e amanhã, às cinco horas, preciso estar acordado para pegar a condução novamente". 
São os trabalhadores quem ficam prejudicados com os sucessivos atrasos e interrupções na circulação de trens do ramal Japeri. "Só espero que esse problema normalize logo, que isso tudo acabe. Está uma zona todos os dias. É um descaso com a gente que paga a passagem certinha... É o mínimo se espera, chegar e pegar o trem para voltar pra casa. Chega uma hora dessas e não tem. E quem não tem o dinheiro pra voltar pra casa?", lamentou Ricardo.
A rotina do balconista Thiago Rodrigues, 20 anos, é semelhante a de Ricardo. Todos os dias, o morador de Japeri, na Baixada Fluminense, levanta antes do nascer do sol para conseguir chegar a tempo no trabalho. "Acordo às 4h30 e todos os dias eu sofro com a SuperVia. Como que uma empresa desse porte deixa meia dúzia de criminosos deixarem milhares de pessoas sem poder ir embora?!", questionou. 
O jovem costuma demorar até três horas no trajeto até o Centro do Rio. "Meu dia dia no transporte público é um inferno. Trens lotados todos os dias. E hoje, vai ser mais uma dia em que o brasileiro que depende do transporte público vai ter incerteza se vai conseguir chegar em casa. Não aguentamos mais esse sofrimento", criticou.
A volta para a casa do corretor de seguros Leonardo Mendes, 44 anos, também foi prejudicada com a suspensão da circulação dos trens. Morador de Nova Iguaçu, a viagem de Leonardo fica ainda mais longa com os problemas causados pelo furto de cabos. Com os sucessivos atrasos e suspensões no ramal Japeri, o corretor passou a atrasar a entrada no trabalho. "Eu tenho que ir para Pavuna e depois pegar outro ônibus para chegar em casa. Se for pela Avenida Brasil e pela Presidente Dutra, são duas horas de viagem. Se o trem estivesse normal, demoraria uma hora", contou.
Problema persistente
Em nota, a Supervia explicou que, nesta terça, os trens precisariam ser licenciados de forma manual em um trecho que abarca onze estações, entre Anchieta e Engenheiro Pedreira, em Japeri. "Com a necessidade de licenciamento dos trens por contato via rádio – entre o Centro de Controle da SuperVia e os maquinistas -, os intervalos teriam que ser aumentados para 30 minutos, o que inviabilizaria a operação e causaria uma lotação de estações e trens além da taxa máxima permitida pela legislação em vigor. Por isso, a interrupção temporária será necessária mais uma vez. A SuperVia está trabalhando para repor e voltar a operar os equipamentos de sinalização furtados e os cabos que foram cortados", afirmou a concessionária.