Rio - O secretário municipal de Esportes, Guilherme Schleder, em entrevista ao DIA, revelou que todas 27 vilas olímpicas da cidade do Rio de Janeiro estão em funcionamento, porém, admite que ainda precisam de melhorias nos espaços e nos atendimentos. Para isso, ele promete que a pasta conseguirá retomar o valor dos contratos do ano passado.
ODIA: Qual é o seu balanço na secretaria até agora?
A primeira missão que recebemos (eu e toda equipe da secretaria de Esportes) do prefeito Eduardo Paes foi colocar para funcionar os nossos equipamentos. As 27 Vilas Olímpicas estão abertas, mesmo com algumas ainda sem contrato de gestão. E o mesmo acontece com a Arena 3 e o Parque Radical de Deodoro, que passaram para o guarda-chuva da nossa pasta. Além disso, criamos parcerias com federações e confederações para aumentar o números de atividades oferecidas para a população e, aos poucos, vamos avançando em reformas de espaços importantes, como por exemplo a pista de skate da Lagoa.
Como anda o projeto de academias nas praças do Rio?
Queremos e vamos retomar até o final do ano o projeto Rio em Forma, que foi abandonado nos últimos quatro anos. Em 2016, quando deixamos o governo, chegamos a ter 1,5 mil professores de educação física atendendo mais de 4 mil pontos da cidade. É um projeto diferente da Vila Olímpica, a gente leva o professor onde tiver um espaço para atividade física.
Como estão as Vilas Olímpicas?
Tivemos que fazer um corte nos contratos, o que nunca é o ideal, e isso fez com que precisássemos recorrer a outros órgãos municipais para conservação, limpeza, etc. Mas todas estão abertas e com muitas atividades para a população. Agora já vou conseguir retomar o valor dos contratos do ano passado e isso vai impactar na melhora dos espaços e no atendimento também. Ainda vivemos uma pandemia, o que nos impede de ter turmas lotadas. O meu sonho é que no futuro todas estejam com fila de espera de vagas.
O que a secretaria pensa em fazer com o Parque Radical de Deodoro?
Está em pleno funcionamento, com várias atividades sendo oferecidas. Temos futebol de salão, caminhada assistida, academia, basquete, vôlei... Fizemos uma parceria com a Confederação de Canoagem e temos uma escolinha de iniciação do esporte. O pessoal da canoagem slalom treinou no Parque Radical e o local é muito elogiado pela Ana Sátila e o Pepe Gonçalves, que disputaram os Jogos de Tóquio. Também reformamos a pista de Mountain Bike, que ficou quatro anos fechada, e inauguramos uma APPC (Área de Proteção ao Ciclista de Competição), a primeira noturna da cidade do Rio. Temos um problema ainda que é a pista de BMX. Firmamos uma parceria com a Federação para que eles busquem parceiros para a reforma. Se não conseguirem, vamos fazer a reforma com nossos recursos e torná-la de utilidade para a população.
Falando de Parque Olímpico, a secretaria fica com a Arena 3. O que é feito lá hoje?
Vai virar uma Escola Municipal Olímpica Carioca, conforme foi falado pelo prefeito Eduardo Paes no dia do anúncio da licitação dos espaços do Parque Olímpico. Todas as atividades da Arena vão passar para o Velódromo e poderemos criar novas oportunidades. Hoje temos vôlei, basquete, academia, badminton, parceria com os Irmãos Nogueira para aulas de MMA e jiu-jitsu, halterofilismo paraolímpico, e parceria com a federação de ginástica, oferecendo aulas de todas as modalidades olímpicas. São quase 300 crianças inscritas e a fila de espera tem cerca de 200.
O Miécimo da Silva já foi referência e hoje tem sinais de abandono. Como recuperar?
O Miécimo é o maior complexo esportivo da América Latina. Lá também tivemos que reduzir o valor do contrato de gestão e isso gera um impacto. Mesmo assim acontecem várias atividades esportivas, temos uma parceria com a Secretaria Especial de Políticas e Promoção da Mulher, com a realização de diversas oficinas gratuitas, o local é utilizado em torneios. Temos problemas estruturais que vão ser melhorados com o aumento do orçamento. E a pista de atletismo realmente precisa de uma reforma grande. Estamos vendo o valor, mas é algo que só conseguiremos ano que vem.
A secretaria faz ou pensa em fazer parcerias com confederações de esportes?
Temos algumas em andamento. A Confederação de Canoagem nos possibilitou uma escolinha da modalidade em Deodoro e temos outras na Arena 3: futsal, tênis de mesa e ginástica, que é um sucesso absoluto, oferecendo pela primeira vez todas as modalidades olímpicas. Para se ter uma ideia, a fila de espera da escolinha de ginástica tem quase o mesmo número de alunos matriculados.
O skate virou uma febre pós Tóquio. A prefeitura reformou a pista da Lagoa. E o público da Zona Norte e Oeste?
A gente sabe que o sucesso de Tóquio aumenta a demanda por parte da população. Isso já estava no nosso radar e estamos andando. Já conseguimos a pista da Lagoa, em parceria com a Secretaria de Conservação, e outras vão vir. Cocotá, Méier, Maracanã, Estácio, Aterro do Flamengo, Praça XV, todas essas estão na lista de vistoria e orçamento para a reforma.
Como a secretaria atua no esporte paralímpico no Rio de Janeiro?
Todas as nossas Vilas Olímpicas são adaptas para receber pessoas com algum tipo de deficiência, sendo que em 11 delas temos atividades frequentes, esportivas ou não, como natação, ginástica, atletismo, futebol, yoga. O objetivo principal da vilas olímpicas não é a formação do atleta de alto rendimento, mas sim a iniciação esportiva. Mas é claro que após esse primeiro contato podem surgir talentos que virem atletas olímpicos e paralímpicos. É um ponto que olho com bastante atenção.
O Rio é um dos melhores locais do mundo para a prática de esportes ao ar livre. Porém, muitas quadras públicas estão deterioradas e com equipamentos ou até ciclovias quebrados. O que é possível fazer?
Fizemos o cadastramento de todas as atividades esportivas e de lazer na orla do Rio. Tínhamos a cobrança por algo mais organizado e menos burocrático. Criamos um comitê para essa regularização e já distribuímos alguns alvarás.
Na área social, o que a secretaria oferece hoje para comunidades e que projeto oferecer em 2022?
A maior contribuição da secretaria é a universalização do acesso ao esporte. Eu enxergo o esporte como algo transformador, que agrega e pode ajudar a colocar qualquer pessoa no caminho certo. Quando eu lembro que a Chayenne Silva (400m com barreiras) treina desde pequena na Vila Olímpica de Santa Cruz e disputou a Olímpiada de Tóquio, eu tenho certeza de que várias outras crianças podem conseguir o mesmo. O meu sonho é esse: deixar um legado para as nossas crianças. Espero que até o final da gestão todas as vilas olímpicas estejam funcionando em sua plenitude.
Falando de legado olímpico para a pasta. Qual ficou e o que foi abandonado na última gestão, mas você promete que será recuperado?
A verdade é que o projeto de legado não andou nos últimos quatro anos. Esportivamente falando, acabou sendo pequeno nesse período. O abandono na cidade foi geral. Hoje, a gente pode dizer que está andando com a retomada das atividades na Arena 3 e com as melhorias no Parque Radical de Deodoro. Agora, com a retomada do plano original, com as estruturas tendo o destino idealizado desde o começo pelo prefeito Eduardo Paes, tenho certeza de que vamos melhorar muito a oferta de esportes para a população.
O prefeito anunciou o retorno do Time Rio. Como ele será desenvolvido e quais atletas já podemos falar que vão ser contemplados?
Estamos em conversa com o COB (Comitê Olímpico do Brasil) para vermos como eram os valores, o modelo do acordo e aí sim podermos avançar. É um compromisso do prefeito e que certamente será colocado em prática o quanto antes. O Time Rio vai proporcionar que jovens atletas da cidade treinem perto de seus ídolos e isso é algo que não se consegue medir.
Ainda em cima de fala do prefeito, ele falou sobre a criação do Museu Olímpico. Já tem local e até quando será inaugurado?
Não temos uma data precisa, mas a nossa ideia é que fique no Velódromo, que será o espaço administrado pela secretaria de esportes após a conclusão do processo de licitação dos equipamentos do Parque Olímpico. Temos que manter viva a memória dos nossos atletas.
O xadrez era referência nas escolas municipais. Como está agora e como a pasta pode incentivar em parceria com a secretaria de educação?
Hoje, as EMOCs (Escolas Municipais Olímpicas Cariocas) têm aula de xadrez, com campeonatos internos. E os Jogos Estudantis têm o xadrez como um das modalidades em disputa. O meu lema é estar aberto para todo tipo de parceria que ajude a atender demandas da população. Se a gente sentir que essa procura existe, vamos conversar e fazer parcerias, ainda mais com a Educação que está ao nosso lado em tantas iniciativas.
É possível pensar também em uma parceria sobre games, porque cidade recebe a Game XP e tem milhares de jogadores?
Claro que podemos e devemos pensar. No último final de semana aconteceu o Game XP na Arena 3. O evento é um modelo de organização, de atrações, de visibilidade. Recentemente estive em um projeto do AfroReggae na Favela de Vigário Geral e vi de perto como as crianças e jovens têm interesse nos games. Estamos abertos para incentivar e buscar parceiros também nessa área.
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