Fotos do início das obras do Parque Nise da Silveira.Rhavinne Vaz

Rio - O prefeito Eduardo Paes anunciou nesta segunda-feira a criação de mais um parque urbano, que será aberto no entorno do Instituto Nise da Silveira, no Engenho de Dentro, na Zona Norte do Rio. O estopim para as obras no terreno, de cerca de 79 mil metros quadrados, ocorreu com a derrubada simbólica de parte dos muros que cercam o espaço. Na primeira fase de intervenções, além da troca desses muros por gradil, será implantado um espaço de 5,8 mil metros quadrados dedicado à cantora e compositora Dona Ivone Lara, que será entregue aos cariocas em 120 dias.


"Cada vez mais vamos fazer parques urbanos com essas características. A gente tem uma experiência muito forte, muito bem sucedida, que é a iniciativa do Parque Madureira. Cada vez mais as cidades vão precisar de espaços públicos de qualidade para a população sair, confraternizar e não ficar em espaços fechados. A pandemia trouxe um pouco esse conceito, e essa região precisa disso", ressaltou Eduardo Paes.

Realizada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e pela Fundação Parques e Jardins, com recursos de medidas compensatórias, a primeira fase das obras do Parque Municipal Urbano Nise da Silveira inclui a substituição de aproximadamente 315 metros lineares de muros por gradil, que permitirá a ampla visualização do interior do parque pelas pessoas que passarem pelas ruas do entorno. Já no Bosque Dona Ivone Lara serão plantadas 39 árvores, 298,60 metros quadrados de plantas arbustivas, 528,38 metros quadrados de forrageiras e 1.470,20 metros quadrados de área gramada. O valor total do investimento será de R$ 1.225.751,45. A implantação do restante do Parque está prevista no Planejamento Estratégico da Prefeitura do Rio.

"A criação do parque tem o simbolismo de transformação de um espaço, antes dedicado a um hospital psiquiátrico, numa área aberta à população. Depois de todos esses longos anos de luta pela mudança no tratamento psiquiátrico, estamos agora retirando o último remanescente de muro, derrubando para dar espaço ao verde", disse o secretário municipal de Meio Ambiente, Eduardo Cavaliere.

O Bosque Dona Ivone Lara será aberto ao público e terá espaços pensados para proporcionar diferentes opções de atividades, como piquenique, recreação infantil e exposições ao ar livre, além de visitação aos jardins e caminhadas.

Localizado no Engenho de Dentro, entre as Ruas Ramiro Magalhães, Bernardo, Dois de Fevereiro e Doutor Leal, o Parque Nise da Silveira teve a sua criação definida no decreto 35.8790, de 5 de julho de 2012, que criou o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), vinculado à Secretaria Municipal de Planejamento Urbano (SMPU), como medida para ampliar e fortalecer a paisagem carioca como patrimônio cultural. Concebido pelo IRPH, o projeto do parque, além de oferecer lazer e contemplação, preserva a memória e a história do tratamento psiquiátrico no Brasil, onde o papel da Dra. Nise da Silveira tem especial enfoque e valorização.

O projeto do Parque Nise da Silveira foi concebido pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH). Para o secretário municipal de Planejamento Urbano, Washington Fajardo, a criação do parque é ainda uma oportunidade de celebrar a paisagem do Rio.

"Quando a cidade foi reconhecida pela Unesco como Patrimônio da Humanidade na categoria Paisagem Cultural e começaram a acelerar as iniciativas de um parque urbano aqui, veio a ideia de celebrar essa paisagem, essas paisagens da loucura, e da loucura que é a gente viver numa cidade murada. E a ideia de que a gente pode começar, mesmo que simbolicamente, a reduzir esses muros na cidade", afirmou Fajardo.

Instituto Municipal de Assistência à Saúde Nise da Silveira

O Instituto Municipal de Assistência à Saúde Nise da Silveira (IMASNS) é um hospital psiquiátrico inaugurado na década de 1930, onde a psquiatra Dra. Nise da Silveira desenvolvia métodos alternativos e humanizados para o tratamento de seus pacientes.

O IMASNS compartilha sua área geográfica com o Museu de Imagens do Inconsciente, três Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), iniciativas culturais, a ocupação artística "Arte, agoniza mas não morre: Nelson Sargento, 9.7", um centro de convivência, uma escola municipal, estruturas da Faetec, ambulatórios de saúde mental e acervo histórico da psiquiatria no Brasil.