A vida de Raoni virou de cabeça para baixo após um erro da Polícia CivilReprodução

Rio - Raoni Lázaro Barbosa foi solto na tarde desta quinta-feira após mais de 20 dias preso por engano. O cientista de dados deixou a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio e encontrou a espoca, Érica Armond. Lá, ele contou os momentos de incerteza que passou dentro da prisão. "É muito difícil, é um estresse mental, psicológico, o tempo todo. Não desejo isso aqui pro pior inimigo", destacou.
Segundo ele, sua vontade agora é matar a saudade da família e dos amigos e pensar na festa de casamento marcada para o próximo dia 16.  "Saudade de a minha família apesar de todo mundo estar aqui, eu estou com muita saudade dos meus amigos [...] E agora é pensar no casamento. Eu já sou casado no civil, mas a festa vai ser agora dia dezesseis agora é pensar nisso esquecer isso aqui. Isso aqui foi um episódio, uma cicatriz que eu quero esquecer e agora pensar no futuro, seguir minha vida do jeito que tá seguindo", desabafou.
 Ele foi preso ao ser confundido com um miliciano, em uma operação da Delegacia de Repressão as Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco). Erica Armond explica que os policiais chegaram à residência do casal às 6h do dia 17 de agosto e não informaram o motivo da prisão. "Do nada bateram no nosso portão, eram umas seis horas da manhã e vieram com um mandado de prisão. A cara do Raoni, as fotos que a gente tirou no momento da prisão, é nítido que a gente ficou desesperado, principalmente porque a gente não sabia qual era a acusação, a gente só foi saber mais de uma semana depois", conta.
De acordo com as investigações da especializada, o criminoso era responsável por cobrar taxas impostas pelo grupo paramilitar aos moradores de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Uma foto foi utilizada para reconhecimento do cientista de dados, prática já analisada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e que deve ser empregada apenas com o auxílio de outros elementos e não como fator principal para a prisão de um acusado. 
Ao notar o erro, a Polícia Civil convocou as testemunhas para um novo reconhecimento e a delegada responsável pela investigação, Thaiane Barbosa, pediu o relaxamento da prisão nesta quarta-feira. O pedido foi atendido nesta quinta.
Fabio Manoel, advogado de Raoni, explica que nenhum outro elemento foi levado em consideração no reconhecimento do cientista de dados. "Ele foi reconhecido por fotografia, não houve nenhum reconhecimento de nenhuma testemunha presencial e a Justiça decretou a prisão dele, sem ouvi-lo, só que ele não é a pessoa que estavam investigando, a delegacia já reconheceu o erro", destaca.
Ainda segundo ele, outro erro do inquérito é que Raoni mora em Campo Grande e o criminoso alvo da polícia atua em Duque de Caxias. "As testemunhas afirmaram que ele era de Duque de Caxias e o Raoni é de Campo Grande. Então assim, tem diversos erros no processo que a polícia reconheceu e pediu ontem a revogação da prisão", explica.