Kaio Guilherme da Silva BaraúnaReprodução/Arquivo Pessoal

Rio - Foi sancionado pelo prefeito Eduardo Paes, nesta quinta-feira, o Projeto de Lei que dá o nome de Kaio Guilherme a uma praça que fica na Estrada do Taquaral, na comunidade Vila Aliança, em Bangu, na Zona Oeste do Rio. Kaio Guilherme morreu ao ser atingido por uma bala perdida na cabeça aos 8 anos de idade, a poucos metros da praça. O crime aconteceu na tarde do dia 16 de abril, enquanto o menino participava de uma festa infantil em uma escola da região. Até hoje, segundo a família, ninguém foi responsabilizado pelo crime.
"Recebo bem essa homenagem, por morarmos num bairro tão violento e da forma como tudo aconteceu... Marcou muito a minha vida e a de muitas pessoas daqui (Vila Aliança)", diz a professora Thaís Aparecida Batista da Silva, de 29 anos, mãe de Kaio.
Ela conta que continua morando na Vila Aliança com o marido, que trabalha como ajudante de caminhoneiro e é o pai de Kaio. Segundo ela, não há um dia em que os dois não chorem ao lembrar do filho.
"Ainda está doendo muito. Tenho tentado me ocupar de algumas maneiras, tenho feito atividades físicas, por exemplo, algo que não fazia, para manter minha cabeça ocupada, pois tem horas que parece que eu vou pirar. Mas é claro que não tem como esquecer e, quando estou sozinha, é o pior momento. Meu marido e eu choramos todos os dias. Não há como acordar e não lembrar do que aconteceu", conta Thaís, que trabalha na mesma unidade escolar em que o filho foi atingido:
"Infelizmente, não temos condições de nos mudarmos daqui".
Kaio Guilherme chegou a ficar internado por oito dias no Hospital Municipal Pedro II, mas não resistiu ao ferimento. A família autorizou a doação dos órgãos da criança. Sobre as investigações, Thaís afirma que a família não recebeu mais nenhuma informação da Polícia Civil, que abriu inquérito para investigar o caso. À época do crime, testemunhas contaram que não havia tiroteio na comunidade no momento em que a criança foi atingida.
"A Polícia Civil nunca mais nos procurou para nenhum tipo de informação. Eles não falam mais nada. Também nunca vieram até o local do crime, para perícia, para nada. Até agora nada foi dito para a gente. Ficou por isso mesmo. É muito triste falar sobre isso, porque nada foi feito", desabafa Thaís, emocionada.
A reportagem procurou a Polícia Civil, e aguarda posicionamento sobre as investigações da morte de Kaio Guilherme.
Segundo a ONG Rio de Paz, seis crianças foram mortas este ano no Estado do Rio vítimas de disparo de arma de fogo. Desde 2007, foram 84 casos, sendo a maioria deles por balas perdidas.