Polícia Civil faz operação contra grupo de agiotagem. Ao todo, 65 mandados de prisão e 63 de busca e apreensão foram cumpridosReginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Entre os presos está Bruno da Silva Pinheiro Mendes, o Verano. Ele é apontado como um dos líderes da organização criminosa e foi capturado em Juazeiro, no Estado do Ceará.
Segundo a mulher, Verano foi o responsável por ameaçar ela e a sua família. Em depoimento, ela conta que ele teve acesso a seus dados pessoais, localizou seus familiares e passou a ameaça-los para conseguir ter o dinheiro.
"Em dezembro de 2020 um homem ligou para minha ex-sogra, se identificou como Verano e estaria cobrando uma dívida da declarante no valor de R$ 5.180,00 que teria sido contraída em outubro de 2017, em um escritório em Cabo Frio. Ele então ameaçou ela, começou a xingar muito e disso que pegaria o CPF dela também e que ainda viria me cobrar a dívida pessoalmente. Ele também disse que teria dados de vários outros parentes meus. Temi um mal maior a eles, fiquei apavorada, com muito medo", narrou aos agentes.
A vítima explicou que por necessidades financeiras acabou procurando um escritório de agiotagem e pegou um empréstimo de R$ 300. Essa dívida teria sido quitada, entretanto, mesmo assim, os criminosos mantiveram um cadastro com o nome dela e resolveram voltar a cobra-la, como se a dívida fosse recontada a partir de 2017. Sob ameaças, ela acabou cedendo e acordando um novo pagamento.
"Aceitei pagar R$ 500,00 num primeiro pagamento e fiz um depósito em uma conta da Caixa Econômica, indicada pelo Verano, no dia 30 de dezembro. Combinamos depois de parcelar a dívida em prestações de R$ 300 mensais, que seriam pagas todo dia 30", contou em depoimento.
O dono da conta bancária que recebeu os depósitos é Ricardo Alexandre Inácio. De acordo com as investigações, ele seria o laranja de Verano. Ele também foi preso nesta quinta-feira, em Santa Catarina.
Perfil violento
Segundo investigadores, os agiotas eram extremamente violentos ao cobrarem as dívidas. "Eles chegavam armados para fazer as cobranças e agrediam as pessoas, os familiares. Teve até um caso que eles chegaram a atirar contra o estabelecimento de uma das vítimas, em São Gonçalo", contou um agente.
A polícia apurou ainda que os criminosos mantinham o banco de dados dos seus devedores cadastrados por mais de 10 anos, para que dessa maneira, sempre cobrassem as vítimas, mesmo depois que elas quitassem o empréstimo.
"O cadastro é eterno, ficam em listas. E por esses dados, eles vão sempre atualizando as informações pessoais das vítimas e também pesquisam dados pessoais dos familiares delas. Com isso, eles faziam as cobranças aos parentes e os ameaçavam também. Dizem que a pessoa não pagou a dívida na íntegra, multiplicam o juros e com medo as pessoas acabam pagando, mesmo sem novos empréstimos", disse o investigador.
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