Operação do MPRJ e da Delegacia especializada em armas e explosivos (Desarme), contra traficantes de Drogas que vendiam por Deliry, nesta sexta feira (17).Marcos Porto/Agencia O Dia

Bando que fazia tráfico de drogas na Zona Sul e Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, recebia pagamentos em criptomoedas, transferências bancárias, PIX e realizava movimentações financeiras diversas para dificultar o trabalho de investigação policial. A operação 'Batutinha', realizada por agentes da especializada e Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/RJ). Ao todo, são 18 mandados de prisão e 31 de busca e apreensão. 
Além das criptomoedas, a quadrilha também aceitava transferência bancária e PIX feito pelo cliente diretamente para uma conta determinada por Alluan de Almeida Brito Araújo, vulgo Alfafa, apontado como o líder do grupo. Em conversas de aplicativo de mensagens de Alfafa com Marlon Marques de Araujo, o CR7 Negão ou Marlon Negão, que seria o fornecedor de maconha, cocaína e MDMA, a polícia descobriu indícios de uma operação de lavagem de dinheiro da venda de drogas. Nas mensagens haviam diversos comprovantes de depósitos e transferências bancárias realizadas por Marlon para as contas de Alluan.
Para o delegado titular da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (DESARME), Gustavo Ribeiro Rodrigues, as operações financeiras têm o claro objetivo de ocultar a origem criminosa do dinheiro obtido com a venda de drogas, além de dificultar o trabalho de rastreamento da movimentação financeira.

"É uma quadrilha muito sofisticada, eles utilizavam ferramentas modernas de aplicativo para poder processar esses pedidos dos consumidores de bairros de luxo na cidade e fazer integração com os estoquistas, entregadores".
Em uma das mensagens Alluan envia código de barras para depósito por boleto no valor de R$ 600. Em seguida, Marlon envia comprovante de depósito por boleto. 
Em 23 de novembro de 2020, Marlon solicita uma das contas bancárias de Alluan para a transferência de valores obtidos com a venda de drogas, certo que não se identificou nenhum tipo de relação comercial lícita entre ambos, que justificasse o volume de dinheiro movimentado. Em seguida, Alluan responde informando a conta. No dia seguinte, Marlon faz novo depósito de R$300.
Contas diferentes e valores discretos
A maioria das transferências eram feitas sempre com valores baixos diretamente no caixa eletrônico, nos quais não há identificação do depositante, numa clara intenção em ocultar a origem do dinheiro ilícito. Embora o depositante não seja identificado, era Marlon quem enviava os comprovantes de pagamento por meio do aplicativo de mensagens.
Os valores do depósito variavam, assim como as contas. Nos registros da investigação, os depósitos eram feitos em contas diferentes, em diversos bancos, no nome de Alluan. Alguns registros mostram que Marlon realizava depósitos com o mesmo valor, no mesmo dia, para contas diferentes.
De acordo com o inquérito, fica claro o vínculo de Marlon com o grupo de traficantes pelas diversas transações financeiras. Também foi identificado um comprovante de transferência no valor de R$ 5.250 mil enviado por Allua para uma conta em nome de Marlon. Este valor se repete outras vezes e, segundo a investigação, é referente ao pagamento pelo fornecimento de drogas.
As investigações indicam ainda que o grupo criminoso também utiliza contas bancárias abertas em nome de terceiros, por meio de fraude, para ocultar o rastro criminoso de suas ações.
Quadrilha foi descoberta após tiroteio na Lagoa
A 'Operação Batutinhas' começou com uma troca de tiros entre seus integrantes e policiais na Lagoa Rodrigo de Freitas em abril deste ano. Apontado como chefe do grupo, Alluan de Almeida Brito Araújo, o Alfafa, foi preso na ocasião com 1,5 kg de maconha. 
A Justiça soltou Alluan e deferiu as medidas cautelares para a Polícia investigar mais a fundo o caso, o que foi feito. Na sequência, a Justiça determinou as prisões preventivas e nesta sexta-feira "Alfafa" voltou a ser preso.