Estações do BRT abandonadasMarcos Porto/Agência O Dia

Rio - A Prefeitura do Rio prolongou a intervenção no BRT por mais 180 dias. O objetivo é concluir a auditoria no sistema e na empresa que foi constituída pelos consórcios para a operação do transporte (BRT Rio S.A), e os estudos e as medidas necessárias à reestruturação do BRT, além de assegurar a continuidade dos serviços. Hoje, o BRT conta com 125 estações e nove terminais. Durante os primeiros seis meses de intervenção, o município conseguiu recuperar 11 estações, das 46 que estavam fechadas, e colocou 198 ônibus articulados em circulação, antes só tinham 120. Também houve um aumento de 16% no número de passageiros.
"Foram seis meses de trabalho árduo. Nós fizemos um grande esforço de manutenção para poder recuperar a frota de BRT's que encontramos em um estado de manutenção muito precário. (...) Nos próximos meses, vamos trabalhar na estabilização da frota, nas manutenções preventivas, completaremos a entrega das 46 estações e procurar aumentar o número de BRT's, requalificando o serviço", afirmou a interventora Cláudia Secin 
Apesar de algumas mudanças terem sido feitas, uma equipe de O DIA percorreu a cidade, nesta segunda-feira, e encontrou algumas estações do BRT completamente abandonadas. As estações de Marambaia, em Vicente de Carvalho, e Guaporé, na Penha, por exemplo, ainda estavam sem portas, sujas e com pichações. De acordo com o BRT, essas estações estão fechadas desde março de 2020 e a previsão é que todas as estações que ainda estão fechadas estejam reabertas no fim de outubro.
"A gente reabriu 11 estações e tem mais 12 prontas para entrar em operação na Avenida Cesário de Melo. O restante não foi reaberto em função de problemas com insumos de mecanismos de portas novas que estamos colocando para corrigir o problema de evasão e vandalismo", explicou Secin. 
Vale lembrar que em maio, o vice-presidente da Comissão de Transportes, Felipe Michel, havia anunciado que 46 estações do BRT começariam a ser reformadas no mês de junho. De acordo com o vereador, foram destinados R$ 2,5 milhões para a revitalização desses locais e a previsão de entrega seria de quatro estações por semana. Desde março deste ano, a Prefeitura do Rio se responsabilizou pela administração do sistema BRT. Uma das justificativas para a intervenção foi o péssimo estado de conservação do sistema e a degradação da frota.
"A intervenção é uma fase de transição entre o momento em que o sistema se encontrava em uma situação insustentável até a fase em que o BRT vai ficar bom. Isso acontecerá quando ocorrerem as novas licitações, que estão a cargo da secretaria municipal de Transportes", declarou a interventora. Em nota, a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) informou que "as licitações estão sendo preparadas."
Na época, a Câmara Municipal autorizou o aporte da prefeitura do Rio no BRT, no valor de R$ 133 milhões. Os recursos foram destinados à recuperação do sistema, durante a intervenção, com investimentos na reforma e reabertura das estações, ações para trazer mais segurança e conforto aos passageiros, compra de combustível e pagamento de folha de funcionários. Também foram injetados recursos públicos para solucionar o déficit do BRT Rio.
Segundo dados disponíveis na página da transparência da intervenção, foram aportados, até o momento, R$45.965.372,96, sendo R$19.808.960,50 com pagamento de combustível, o maior gasto; R$13.033.820,59 com material e prestação de serviços para a reforma das estações; e R$ 13.122.591,87, até 7 de junho, com pagamento de pessoal. Desde então, o pessoal está sendo pago com verba das receitas provenientes da bilhetagem do BRT Rio, bem como a manutenção da frota, que já gastou R$17,15 milhões. 
Mas, segundo Secin, a atual receita do BRT não cobre todas as despesas do sistema. "Por isso mesmo que a Prefeitura faz aportes pagando combustíveis e material e prestação de serviço para a reforma das estações. Não haverá mais aporte da prefeitura, além do teto de R$133 milhões, em 2021."
Uma passageira entrevistada pelo O DIA disse que não consegue enxergar muitas melhorias nesses primeiros seis meses de intervenção. A vendedora de serviços turísticos, Maria Clara, de 25 anos, faz o trajeto Curicica - Jardim Oceânico e pega dois BRTs na ida e na volta para casa. Segundo a jovem, toda viagem é um transtorno.
"Infelizmente, não vejo melhora, por exemplo, no número de carros que circulam em linhas específicas como a linha 50 (Jardim Oceânico x Centro Olímpico), que demora mais de 40 minutos para vir e acabo tendo que ir para a Alvorada e pegar um BRT para fazer baldeação". Para Maria Clara, o número insuficiente de articulados circulando nas ruas é algo que a incomoda bastante e atrapalha na rotina de todos os passageiros. 
"Falta melhorar muita coisa, principalmente o número de carros para nós que dependemos desse meio de transporte para trabalhar. Passamos muito sufoco na volta para casa, a demora é muito grande. Têm muitos carros sem manutenção também. Um dia tive que descer do BRT no meio da pista, porque começou a sair fumaça de dentro do veículo e os passageiros tiveram que descer e esperar BRTs que já vinham cheios para ir para casa", lamentou.