Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Duque de CaxiasDivulgação

Rio - Funcionários do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes (HEAPN), em Saracuruna, Duque de Caxias, denunciam que não receberam o salário no mês de agosto e de setembro. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) afirmou que os valores referentes aos meses de agosto e setembro foram repassados para a Organização Social Hospital Psiquiátrico Espírita Mahatma Gandhi. Apesar do pagamento ter sido feito em dia pelo Governo do Estado, a OS ainda não fez os repasses para os funcionários. 
Ao O DIA, um enfermeiro, que não quis se identificar, contou que passou a ser contratado como pessoa jurídica assim que a atual organização social assumiu a gestão do Hospital de Saracuruna. Sem os direitos trabalhistas assegurados, X. começou a receber referente apenas pelos dias em que compareceu à unidade, independente de atestado médico ou falta de dinheiro para passagem. 
"Estamos pedindo dinheiro emprestado ou estamos no cheque especial do banco para ir trabalhar. Estamos sempre na dificuldade, fazendo contas. Isso é uma constante lá no hospital. Fazemos uma atividade insalubre e ainda temos que passar esse tipo de coisa", contou X, que completou:
"Trabalhamos em setores abertos, não sabemos o que vamos encontrar. Recebemos pacientes do trauma, do pronto-atendimento... Estamos expostos à covid-19 e não temos garantia nenhuma. Se ficarmos 15 dias internados pela covid-19, são duas semanas de salário perdidas".
Apesar de ter um outro emprego, o enfermeiro precisou pedir um empréstimo no banco em que é correntista. "Tenho que ter o cartão liberado pra uma emergência, eu preciso ter esse crédito liberado pra numa emergência eu poder suprir os meus filhos de alguma forma", explicou.
Por causa do atraso, as finanças da enfermeira Y., que também preferiu não se identificar, não são muito diferentes de X. "Estamos trabalhando em regime de pessoa jurídica, sem direito a nada. Até o momento, eles só pagaram os funcionários celetistas, mas o restante... ninguém. Eles [da OS] prometem uma resposta, mas não falam nada. Estamos desesperados porque a gritamos, mas ninguém escuta", desabafou Y. 
Assim como o colega de profissão, Y precisa de um outro emprego para conseguir pagar as contas. "O repasse foi feito e ninguém fala nada sobre isso. O que eles dizem é que estão sem previsão. Como a gente vai falar para um filho que não tem dinheiro? Como fica escola, conta de luz? Como a pessoa vive?", questionou. 
Em nota, a SES afirmou que notificou a OS Hospital Psiquiátrico Espírita Mahatma Gandhi na última quarta-feira, 22, pelo não pagamento dos funcionários. À secretaria, a organização social disse que não havia "inadimplemento de salário" e enviou o comprovante de pagamento dos funcionários celetistas. É dever da OS garantir o pagamento dos funcionários e o abastecimento do hospital que administra. 
"A pasta aguarda o envio do comprovante de pagamento dos colaboradores terceirizados referente a setembro. Os comprovantes são enviados em conjunto com as prestações de contas, realizadas até o décimo dia do mês seguinte ao do pagamento", pontuou a SES.
A reportagem tentou contato com a Organização Social Hospital Psiquiátrico Espírita Mahatma Gandhi, que não retornou até o fechamento desta matéria. O espaço está aberto para manifestações da OS.