Grupo indiciado prometia o veículo mas raramente entregava Reprodução

Rio- Mais de 50 pessoas foram vítimas de uma quadrilha que aplicava golpes financeiros através da venda de consórcios de veículos na Capital e em municípios da Região Metropolitana do Rio. As investigações da Delegacia de Defraudações (DDEF) apontaram que Davi Ferreira de Lima, Danielle Nascimento da Silva e Vinícios Ribeiro do Nascimento utilizavam da Cooperativa Carbens Autofinanciamento para obter lucros indevidos, mediante a promessa de entrega dos veículos.

Os três sócios foram indiciados por estelionato, associação criminosa e crime contra a economia popular. Nesta quarta-feira, a especializada cumpriu 12 mandados de busca e apreensão em todos os escritórios dos suspeitos. Os endereços estão espalhados entre as zonas Norte e Oeste e Centro do Rio, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e Niterói.


Na internet, algumas das vítimas relatam, com detalhes, como conheceram a empresa. Numa das descrições, um homem, que preferiu não se identificar, diz que conheceu a Carbens por conta de um anúncio em um site de vendas e que depois foi até uma agência, em Bonsucesso, na Zona Norte do Rio. Ele ainda afirma que o negócio é uma enganação e que se sentiu.

“Depois que fechei o negócio, a empresa não me ligou nunca mais. Carbens é enganação, eles propõem várias coisas que te iludem a assinar o contrato e na verdade é totalmente diferente o sistema deles, enganação. Vou correr atrás dos meus direitos, quero o meu dinheiro de volta ou entrarei na justiça”, desabafou.

Segundo essa vítima, no escritório deles não há nenhum veículo. Entretanto, os funcionários acabaram convencendo ele de que se tratava de algo vantajoso. O contrato feito por ele era uma entrada no valor de R$ 2 mil e mais 48 prestações de R$ 585,00.

“Fui até o escritório, onde não havia carro nenhum e um homem me apresentou a Carbens, fez a minha ficha e disse que entrariam em contato para dizer se a ficha aprovou. Dias depois entraram em contato e no dia 24/08 voltei lá novamente e fui atendido pela supervisora, onde tirei todas minhas dúvidas em relação ao autofinanciamento. Paguei o boleto no ato da assinatura do contrato pelo meu celular e fechei negócio”, contou o homem.
Grupo indiciado prometia o veículo mas raramente entregava  - Reprodução
Grupo indiciado prometia o veículo mas raramente entregava Reprodução


Para outra vítima, que também relatou seu caso na internet, a empresa destruiu o seu sonho.

“Encontrei a empresa num site, aonde a mesma me ofereceu um financiamento de um veículo. Eu ansioso e querendo a moto fui até Campo Grande e me passaram o contrato, pedindo para eu fazer o depósito de R$ 4 mil, que após o deposito o meu dinheiro do financiamento iria cair na minha conta entre 12 a 24h. Até agora meu dinheiro não caiu, quero meu dinheiro de volta. Não caiam nessa também!”, descreveu.

Manual de treinamento para os consultores

Responsável pela investigação, o delegado Alan Luxardo explica que os estelionatários treinavam seus funcionários para que eles estivessem capacitados a convencer os clientes. Os agentes chegaram a apreender um manual com os ensinamentos.

“Era uma cartilha de treinamento para os consultores, sobre o que eles deveriam dizer aos clientes e terem sempre uma resposta plausível”, explicou Luxardo.

O inquérito foi instaurado em junho e os agentes descobriram que para conquistar o máximo de vítimas possíveis, os indiciados noticiavam que fechavam contratos até para pessoas que estavam com CPF negativado e restrições de compra a crédito.

“Os indiciados utilizavam uma enorme estrutura logística para impressionar os futuros consorciados, aparentando solidez e segurança no negócio contratado, mantendo, inclusive, salas em grandes Shopping Centers. As diversas vítimas que procuraram a Delegacia de Defraudações confirmaram que faziam pagamentos iniciais de milhares de reais para ingressar no consórcio, no intuito de, ao final, obter o automóvel desejado, o que nem sempre ocorria”, informou o delegado.
Material apreendido na sala onde funcionava a empresa - Reprodução
Material apreendido na sala onde funcionava a empresaReprodução


Além dos escritórios, eles também investiam em telemarketing e anúncios em redes sociais para poder atrair novos clientes. Segundo a DDEF, a transação também se tratava de esquema de pirâmide.

“Apurou-se que tratava-se de um esquema de pirâmide, no qual os novos recursos pagavam os automóveis de alguns consorciados anteriores, mas, como toda pirâmide, nem sempre a conta fechava”, disse.