Vacinação no Centro Municipal de Saúde Maria Augusta Estrella, em Vila Isabel, na Zona Norte do RioFabio Costa / Agência O Dia

Rio - O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, afirmou que a situação da covid-19 na cidade do Rio está controlada pela primeira vez desde o início da pandemia. A avaliação foi feita nesta sexta-feira (15), durante apresentação do 41º Boletim Epidemiológico. A capital fluminense registrou queda em praticamente todos os indicadores da doença - óbitos, taxa de transmissão e casos confirmados - pela sétima semana seguida. Especialistas ouvidos pelo DIA concordaram com a avaliação do secretário.
"É a primeira vez que a gente pode falar que há uma situação controlada da covid-19 na cidade do Rio de Janeiro. Temos a menor taxa de transmissão desde o início da pandemia, menor número de pacientes internados. É a primeira vez que podemos falar que temos uma situação de estabilidade, de queda há mais de sete semanas. Se não tiver nenhuma nova variante, ou nenhum fator não previsto, podemos dizer que entramos numa fase de risco muito menor a partir dessa semana", afirmou Soranz.
Mapa de risco da cidade do Rio está em classificação moderada pela terceira semana seguida - REPRODUÇÃO DE VÍDEO
Mapa de risco da cidade do Rio está em classificação moderada pela terceira semana seguidaREPRODUÇÃO DE VÍDEO
O número de internações caiu 65% em relação a oito semanas atrás. O mapa de risco de transmissão da cidade foi classificado como 'moderado', o mais brando na escala de três - o Rio já esteve em risco 'alto' e 'muito alto'. 
"Mais baixo do que isso, é quando estivermos no fim da pandemia. Não poderia ser mais baixo do que isso. Trabalhamos, torcemos e rezamos para que a gente possa, num futuro próximo, até parar de divulgar esses dados. Será o momento em que diremos que não existe mais pandemia. Certamente ainda vai levar algum tempo, a covid está entre nós. Isso pressupõe uma situação mundial, mas não poderia ser mais baixo do que esse momento'", acrescentou o prefeito Eduardo Paes.
A Secretaria Municipal de Saúde avalia que a vacinação da população carioca é fundamental a manutenção da redução das taxas da covid-19. A capital tem, atualmente, 60% da população total com o esquema vacinal completo. Entre os maiores de 12 anos, essa taxa é de 69,7%. 
Nesta sexta-feira (15), o Rio aplica a dose de reforço aos idosos de 68 anos, além de trabalhadores da saúde que tomaram a segunda dose em fevereiro. Por conta de um atraso na entrega de doses, não haverá avanço na vacinação da terceira dose - idosos de 68 anos ou mais serão vacinados até a próxima quarta-feira. Na próxima quinta-feira, dia 21, idosos de 67 anos poderão receber o reforço. 
Especialistas concordam com avaliação 
O infectologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alberto Chebabo, concorda com a definição de Soranz sobre o controle da pandemia de covid-19 na cidade. Segundo ele, na prática a queda dos números é sentida pelo número de internações e de pedidos de internações. 
"Sem dúvida estamos no melhor cenário desde o início da pandemia aqui no Rio de Janeiro. Redução importante do número de pacientes internados e da solicitação de novas internações, e isso é muito importante porque mostra que muitos dos pacientes que estão internados hoje são já antigos, que se infectaram há mais tempo. Também vemos uma redução importante da transmissão, o que significa menos casos novos e circulação viral. Nesse sentido, acho que a afirmação do secretário está correta. A gente está num momento de bastante controle da doença", pontuou.
O infectologista explica ainda que o número de pessoas internadas atualmente é composto por pessoas que foram contaminadas há mais tempo e que estão em recuperação mais longas. "Na prática, o que estamos vendo é um número pequeno de pessoas internadas. Cerca de 200 e provavelmente metade desses já tem a doença há mais de 20 dias, ou seja, se infectaram em outro momento", disse.
Contudo, apesar dos bons números, Chebabo reforça a necessidade da manutenção de cuidados para evitar o aumento na transmissão do vírus e, por consequência, a piora no cenário.
"Em relação aos cuidados, é normal que a gente vá flexibilizando algumas atitudes, mas o uso de máscara em ambiente fechado ainda é importante, ainda é essencial. A gente ainda tem a circulação viral na cidade, apesar de baixa, ela ainda ocorre", alertou o médico, que defende a não obrigatoriedade da máscara em ambientes externos a partir dos 65% da população com esquema vacinal completo, conforme prevê a Prefeitura do Rio.
"Ontem a gente atingiu o limite de 60% e provavelmente nos próximos, mais uma semana ou dez dias a gente vai chegar nesse número e esse uso da máscara vai poder ser abolido nos ambientes externos com segurança", projetou. 
O médico intensivista e diretor do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, Pedro Archer, também vê a cidade no melhor cenário desde o início da pandemia, mas discorda da desobrigação do uso de máscaras com 65% da população. Segundo o profissional, o item deve ser mantido até que quase a totalidade esteja imunizada.
"Até a gente atingir pelo menos 90% da população vacinada eu recomendo a utilização da máscara e que a população evite aglomerações", avaliou.
*Colaborou Lucas Cardoso