Bruno Dante foi demitido dos salões onde trabalhavaReprodução

Rio - O cabeleireiro Bruno Dante será intimado a prestar esclarecimentos sobre os casos de assédio sexual denunciados por 15 mulheres à Delegacia da Mulher (Deam) do Centro do Rio. Os relatos foram colhidos pelas advogadas Maira Pinheiro e Debora Nachmanowicz e encaminhados à unidade. A corporação informou que recebeu os vídeos e está analisando o material. “Como nem todas as ocorrências foram na circunscrição da unidade, alguns casos serão encaminhados para outras delegacias”, alegou a Polícia Civil. As vítimas ainda serão ouvidas.


Os casos de assédio sexual e moral dentro dos estabelecimentos vem sendo relatados desde agosto deste ano por funcionárias e clientes dos dois salões onde Dante trabalhava, no Rio e em São Paulo. O cabeleireiro, que já atendeu famosas como Fabíola Nascimento e as filhas da atriz Samara Felippo, já foi afastado dos dois locais.
Em um dos casos, uma das frequentadoras do estabelecimento contou que o cabeleireiro a assediou depois de pedir para tirar uma foto. “E pediu que eu segurasse as partes íntimas dele [...] eu falei ‘claro que não’ e ele pegou minha mão e colocou nas partes íntimas dele”, disse uma das vítimas ao programa Fantástico, da TV Globo.
A vítima disse que correu para o banheiro do salão e Bruno a seguiu e continuou com o assédio, dizendo que a mulher deveria “aproveitar mais as oportunidades”. Outra cliente relata que o cabeleireiro começou com os assédios ainda durante o corte. “Me perguntou se eu tinha namorado ou namorada, o que eu achava de sair para tomar um café com ele. Eu comecei a ficar desconfortável [...] é uma situação que você fica um muito vulnerável”.
Segundo ela, Bruno Dante avisou a uma funcionária que a levaria até a porta do salão. Ela decidiu ir de escada e o cabeleireiro impediu a passagem. “Nesse momento ele disse que queria me agarrar, queria me dar um beijo e eu falei que eu não queria, mas ele me agarrou de qualquer jeito e segurou meu braço e me beijou a força”, disse a cliente que foi assediada. Segundo ela, Dante continuou a enviar mensagens após o ocorrido.
Outra vítima, que fez uma entrevista de emprego com Bruno, diz que ele se ofereceu para levá-la até a porta da casa dele e de lá, ela pediria um carro por aplicativo. Ao chegar no local, a mulher conta que ele deu em cima dela, mas que não havia interesse de sua parte. “Mesmo eu falando não ele pegava a minha mão e ficava colocando nele falando que ele era muito bom que ele era muito gostoso”, disse. Depois do caso, ela desistiu do emprego.
As denúncias começaram em agosto, uma das funcionárias relatou que Dante a sabotavam no trabalho. O desabafo foi feito em uma rede social. Logo depois, diversos relatos começaram a surgir nos comentários da publicação. A cabeleireira teve de apagar a postagem após uma decisão extrajudicial, mas famosas se pronunciaram em repúdio ao ocorrido. “Eu percebi que várias mulheres tinham passado por isso e aí é um misto de revolta e alívio porque você vê que não está sozinha”, disse uma das vítimas.
Bruno publicou um vídeo nas redes sociais pedindo desculpa às mulheres por colocá-las em uma posição de “constrangimento”, mas logo depois apagou a publicação. A advogada Maira Pinheiro diz que a atitude de excluir o material pode ter sido uma recomendação da defesa de Bruno. “Ele fala diversas vezes no vídeo que causou constrangimento e ai ele deve ter sido orientado de retirar aquela prova que ele produziu contra si mesmo”, disse.
Os salões em que Bruno trabalhava mudaram de nome logo depois da divulgação do caso. A defesa do cabeleireiro emitiu uma nota dizendo que desconhece e nega a prática de qualquer crime e assédio moral. Ele também alegou que está a disposição das autoridades para esclarecer os fatos.