enterro do entregador Elias, no Cemitério do Maruí, nesta quinta (25).FabioCosta
Entregador morto em Niterói é enterrado; 'A favela não pode perder outros Elias', diz cartaz
Elias de Lima foi morto durante uma operação da PM no Morro do Palácio. Moradores e familiares acusam os agentes de assassinarem ele
Rio - O corpo do entregador de mercadorias Elias de Lima Oliveira, de 24 anos, morto nesta quarta-feira (24) durante uma operação da Polícia Militar no Morro do Palácio, em Niterói, Região Metropolitana do Rio, foi enterrado nesta quinta-feira (25), no Cemitério do Maruí. Parentes e amigos acusam os policiais que estiveram na comunidade de assassinarem o rapaz.
O cortejo foi acompanhando por cerca de 300 pessoas. O clima era de revolta entre os presentes. Cartazes com pedidos de justiça foram espalhados pelo cemitério. Em um deles, estava a frase: "A favela não pode perder outros Elias. O Palácio pede paz".
Antes do sepultamento, a família de Elias disse à imprensa que os policiais chegaram na comunidade em uma viatura descaracterizada.
"Eles o mataram. Não houve troca de tiros, houve só os tiros. Acabou, acabou. E a gente já conhece quando são os tiros da polícia", desabafou a sogra do irmão de Elias, Jane Lúcia Rosa.
Viviane Almeida, madrinha de Elias, disse que os policiais arrastaram o corpo de seu afilhado pelos becos da comunidade.
"Os policiais abordaram, mataram e saíram arrastando pelo beco no morro, na comunidade. Lá no hospital falaram para a família que ele estava sentado em uma boca de fumo. Mentira", disse.
Logo após a confirmação da morte do entregador, moradores desceram a comunidade e realizaram um protesto em um dos acessos ao Morro do Palácio.
A morte de Elias é investigada pela Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo. A Polícia Civil segue ouvindo algumas testemunhas, inclusive os policiais que participaram da incursão. O objetivo é colher o máximo de informações para elucidar o caso. O entregador foi atingido por dois disparos que, segundo moradores, partiram das armas dos PMs.
A Secretaria Estadual da Polícia Militar disse que os PMs não usaram viaturas descaracterizadas na ocorrência. A PM instaurou um inquérito paralelo ao da DHNSG e irá apurar a conduta dos policiais.
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