Aeronave vinha de Campinas, em São Paulo, para o aeroporto de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, e estava regular conforme a Agência Nacional de Aviação CivilDivulgação

Rio - Uma bolsa branca com alça vermelha e a asa do bimotor que caiu entre Ubatuba e Paraty no último dia 24 foram localizados em mar aberto na segunda-feira (29). A informação foi obtida pela namorada do copiloto José Porfírio Júnior, 20, na manhã desta terça-feira (30). Thalya Ares conta que telefonou para a Salvaero, responsável na Aeronáutica pelas investigações, e foi informada dos novos itens encontrados.
Foram encontrados uma bolsa branca de alça vermelha, uma asa e a mochila, identificada como pertence de José Porfírio.
Os agentes, no entanto, afirmaram à namorada do copiloto que avistaram os itens enquanto sobrevoavam o mar, mas não os recolheram por conta da correnteza. As coordenadas da localização foram registradas.
Familiares dos tripulantes cobram maior empenho e agilidade das autoridades nas buscas e relatam a falta de transparência da Marinha na condução das buscas. O proprietário do bimotor, José Porfírio de Brito Júnior, de 20 anos, e o passageiro Sergio Dias, ainda não foram encontrados. O corpo do piloto Gustavo Carneiro, de 27 anos, foi identificado na última sexta-feira.
"A Salvaero foi a única que deu respostas pra gente. A Marinha diz que a operação é sigilosa", diz Thalya. "Hoje a gente pede equipamento. A gente precisa de navio com sonar. Concordamos que a prioridade é buscar por sobreviventes, mas não é possível que uma equipe não consiga focar na busca da aeronave. Anteontem saí de barco para fazer buscas e encontrei uma caixa de leite, no dia seguinte encontrei a mesma caixa de leite", pondera.
Outro equipamento reivindicado para as buscas, além do navio sonar, é um drone com infravermelho para identificar se as vítimas do acidente podem estar em uma região de mata. "São equipamentos muito caros. Difíceis de se conseguir", ressalta. Esse pedido foi reiterado publicamente pelo surfista Pedro Scooby, amigo do empresário e campeão de jiu-jitsu Sérgio Dias, de 45 anos, que está entre as vítimas.
Uma mochila foi encontrada no último sábado pela Marinha Brasileira, mas a informação só foi divulgada na segunda-feira (29). Familiares ficaram sabendo da novidade pela imprensa.
Uma amiga da família faz campanha pela mobilização das autoridades pela busca dos tripulantes. "Estou com as coordenadas. Caso alguém queira ajudar, que esteja por Paraty ou Angra, tenha GPS em barcos ou afins, me avisem por favor para intensificarmos as buscas", diz o texto. Ela ressalta que os objetos tem sido localizados de uma maneira dispersa no mar.
Nas redes sociais, a mãe do copiloto José Porfírio vinha cobrando a Marinha para que participasse das buscas. Após a nota divulgada à imprensa sobre o material encontrado, parentes questionam porque a coordenada não foi divulgada. Os Bombeiros do Rio de Janeiro e a Força Aérea Brasileira completam o sexto dia de trabalho nesta terça-feira (30), dificultado por chuvas na região.
"Marinha, onde vocês estão trabalhando que ninguém vê vocês? Por que não passam as coordenadas de onde acharam a mochila já que possivelmente o avião estaria perto? Possuem ideia de quanto esse ponto seria importante para as buscas?", diz uma mensagem compartilhada pela mãe do copiloto.
A Marinha divulgou em nota nesta segunda-feira (29) que no último sábado (27), o Navio-Patrulha (NPa) "Guajará" localizou e recolheu uma mochila com pertences supostamente relacionada com os tripulantes da aeronave de prefixo "PP-WRS", dentro da área de buscas, a aproximadamente 45 km sudoeste de Trindade (RJ).
O Comando do 1o Distrito Naval (Com1oDN), informou que iniciou, em 25 de novembro, em apoio à Força Aérea Brasileira (FAB), as buscas pelos três tripulantes da aeronave de prefixo “PP-WRS”. As buscas permanecem em curso, considerando padrões técnicos, as ações de ventos e correntes de deriva.
O avião bimotor desapareceu por volta das 21h de quarta-feira (24). A aeronave decolou às 20h30 do Aeroporto dos Amarais, em Campinas, e tinha como destino o aeroporto de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. A torre do Rio de Janeiro perdeu o contato com a aeronave às 21h40.
Até o momento, apenas o corpo do piloto Gustavo Carneiro, de 27 anos, foi encontrado na tarde da última quinta-feira. O corpo foi reconhecido pela família no dia seguinte (26). O corpo de Gustavo foi cremado na tarde de sábado (27), no Cemitério da Penitência, no Caju, na Zona Norte do Rio.
Também estavam na aeronave o passageiro Sérgio Alves Dias Filho, dono de uma empresa de blindagem em Jacarepaguá, no Rio.
O copiloto, José Porfírio de Brito Júnior, de 20 anos, também segue desaparecido. Ele era o dono do bimotor, que estava com situação regular na Anac.
A Força Aérea Brasileira (FAB) informou nesta terça-feira que continua na operação de busca e salvamento da ocorrência envolvendo a aeronave de prefixo PP-WRS, com a participação de um helicóptero H-36 Caracal do 3°/8° GAV, que decolou às 5h10 para iniciar o padrão de buscas.

Até o momento, uma área de mais de 4100 km² do litoral foram cobertos pela busca aérea.
O Corpo de Bombeiros Rio informa que militares seguem mobilizados com mergulhadores e contam com auxílio de aeronaves, embarcações e moto aquáticas que fazem varredura costeira na região entre a divisa do Estado de São Paulo e Rio de Janeiro.

De acordo com o coronel Leandro Monteiro, comandante-geral do CBMERJ e secretário Estadual de Defesa Civil, as buscas não param e incluem operações aéreas, marítimas e terrestres, estas inclusive durante a noite.

"Quero me solidarizar com os familiares das vítimas que estão aqui nos auxiliando com informações. Diariamente, estamos com militares de todo o Estado, dos grupamentos marítimos e das unidades especializadas. Todos os recursos necessários estão sendo empregados. O Corpo de Bombeiros não desiste nunca. Ficaremos aqui durante 15 dias em busca de vidas”, afirmou o comandante que acompanha as buscas no local.