"Eu anunciei hoje pela manhã o cancelamento das festividades de Réveillon na cidade do Rio de Janeiro. Tomei essa decisão porque nós temos sempre norteado nossas ações aqui em uma postura de ouvir aquilo que nós identificamos a ciência, aqueles que têm como norte a preservação de vidas. Sempre foi assim desde janeiro, quando eu assumi a prefeitura", afirmou Paes.
Com o impasse entre os comitês científicos do estado e do município, ele afirmou que o da capital fluminense havia dado o aval para que a festa pudesse ocorrer, já que a transmissão de casos caiu consideravelmente. Ele também afirmou que hoje o Rio vive o melhor momento desde o início da pandemia em março do ano passado.
"Temos uma taxa de transmissão baixa, o número de internados muito baixo e número de mortes diminuiu drasticamente. Nesta semana, nós tivemos três dias seguidos sem mortes no Rio. Com esses resultados informados pelo Comitê Científico, eles me disseram que poderia ser realizado o Réveillon. Eu vinha conversando com o governador Claúdio Castro e tínhamos decidido aguardar até o dia 10, com a evolução do quadro, para tomar a decisão do Réveillon", afirmou.
No entanto, Paes disse que foi surpreendido pelo Comitê Científico do Estado do Rio ao ouvir que o Réveillon representava um risco. "Portanto, se eu tenho um comitê que olha para o Estado do Rio e entende que é um risco, eu vou ficar com a opinião técnica que gere mais restrições. Não tenho como não seguir a ciência nesse caso. Eu vou seguir sempre a ciência", esclareceu ele.
"É diferente daquilo que o governador vinha me dizendo. É óbvio, o governador também não é cientista", complementou Paes.
Apesar de não seguir o Comitê Científico da cidade do Rio, o prefeito do Rio lembrou que os cientistas em diversos momentos demandaram medidas duras e drásticas de restrição, como cancelamento no Carnaval no ano passado, diminuição de funcionamento bares e fechamento quase total da cidade, para a diminuição da possibilidade de transmissão do vírus e consequentemente o número de mortes.
Ele também lembrou do esforço da cidade do Rio para a vacinação contra a covid-19 e elogiou os cariocas pela adesão na campanha de imunização.
"Nós temos muito orgulho dos cariocas por terem aderido a vacina, os brasileiros todos, apesar de todos os sinais equivocados vindos do comando político da nação. Nós temos resposta fantástica em relação a vacinação", disse Paes.
Mais uma vez, o prefeito lamentou sobre a necessidade de cancelar o Réveillon. "Eu tomo com muita tristeza essa decisão. É óbvio que torço, rezo e trabalho para que a gente possa...Enfim o Rio é uma cidade de celebração. Não sei se as cidades que cancelaram o Réveillon vai fazer tanta falta como o do Rio faz", disse.
Na mesma entrevista coletiva, o prefeito falou sobre a possibilidade de cancelar o Carnaval. Ele disse que não tomará decisões antecipadas. Paes irá esperar informações técnicas do Comitê Científico.
"Faltam três meses. Eu acho que tem grupos fazendo ataques seletivos a determinadas celebrações por motivos de preconceito, na minha opinião. Eu só vou tomar decisão se o comitê disser que pode ou não ter. Eu sigo a ciência", afirmou ele.
Ele acrescentou e disse que não espera cancelar o Carnaval, em razão da importância cultural, mas também pela importância econômica.
Além do cancelamento do Réveillon no município carioca, cidades da Região Metropolitana e outros lugares pelo estado do Rio já haviam desistido da realização das festas de Ano Novo. Nesta sexta-feira, Mesquita, na Baixada Fluminense, decidiu cancelar as festividades.
Outras cidades da Baixada, como Nova Iguaçu, Belford Roxo, Duque de Caxias, Paracambi e São João de Meriti também cancelaram os eventos. Além dessas cidades, Cabo Frio, Volta Redonda, Campos dos Goytacazes e Niterói não terão festas de Réveillon. No entanto, as duas últimas contarão com queima de fogos. Já Volta Redonda foi além e já cancelou o Carnaval do ano que vem.
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