Não vacinados são maioria dos casos graves por influenza no estado do Rio
Sistema de notificação de gripe do estado do Rio aponta que novembro registrou mais casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) do que todos os meses anteriores somados
Vacinação contra a gripe segue no Rio de Janeiro. Na foto, Maria Cristina, no posto de saúde Heitor Beltrão - Reginaldo Pimenta
Vacinação contra a gripe segue no Rio de Janeiro. Na foto, Maria Cristina, no posto de saúde Heitor BeltrãoReginaldo Pimenta
Rio - Enquanto a influenza se consolida como uma epidemia em todo o Rio de Janeiro, avançando inclusive para outros estados como Bahia e São Paulo, cidades da Região Metropolitana, entre elas Nilópolis e Duque de Caxias, lidam com a falta de doses da vacina. Os dados mostram a importância dela: a maioria dos casos graves de gripe em 2021 foram em pessoas não imunizadas na última campanha, de acordo com registros do Sivep-Gripe (Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe).
Ao longo de 2021, o estado do Rio registrou 430 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por influenza. Entre os casos, 104 não haviam se vacinado, e somente 46 haviam recebido a aplicação. A vacinação foi ignorada ou não informada em 280 casos.
O sistema de notificação da gripe ainda confirma o aumento exponencial da doença: o mês de novembro registrou 164 casos graves de influenza, mais do que todos os outros meses anteriores somados - de janeiro a outubro foram 137. Dezembro, que ainda está na metade, já soma 129 casos de SRAG. Os casos graves por influenza são maioria entre os idosos, principal grupo de risco: foram 50 casos na faixa etária entre 60 e 69 anos, 48 casos entre 70 e 79 anos, e 49 casos entre 80 e 89 anos.
"Com o passar dos anos, o idoso tende a ficar mais vulnerável a outras doenças, principalmente as virais, visto que além da imunidade, ele costuma ter outras comorbidades, como hipertensão, diabetes", explica a médica geriatra Roberta França. "No caso da influenza, muitos pacientes desenvolvem pneumonia em função do vírus da influenza. Esse é o grande problema, essa virada da gripe para um quadro mais grave", comenta a especialista.
Cidades da Baixada recebem doses, mas dizem que quantidade é insuficiente
Na Baixada Fluminense, Nilópolis e Duque de Caxias seguem com a campanha suspensa e devem retomar na quinta-feira. As secretarias municipais de Saúde das duas cidades informaram que irão retirar novas doses entre quarta e quinta-feira, mas o estoque não é suficiente para voltar com a campanha totalmente.
Nilópolis vai receber somente 1.200 doses, "o que não garante a retomada da vacinação para o total da população, somente para integrantes do grupo prioritário", segundo nota da secretaria de Saúde. O município classifica a situação da influenza como um surto.
Duque de Caxias, sem campanha desde quinta-feira da semana passada (9), aguarda a chegada de 4.600 doses com entrega prevista para quarta. A retomada da campanha acontece na quinta em oito unidade de saúde da cidade. Mas segundo a prefeitura, "em função do quantitativo limitado de doses, a vacinação poderá ser encerrada antes do horário programado, com o término dos estoques nas unidades".
Fiocruz: 'cartilha de comportamento' para evitar contaminação por covid-19 no fim de ano
O Observatório Covid-19 Fiocruz lançou na terça-feira (14) uma cartilha de recomendações sobre as melhores maneiras de famílias e amigos se renirem nas festas de fim de ano, a fim de diminuir os riscos de transmissão da Covid-19.
Entre as principais orientações estão: limitar o número de pessoas de acordo com o tamanho do espaço; dar preferência a espaços abertos e ventilados, com janelas abertas; evitar o uso de toalha de pano, e preferir sabão e papel para a secagem das mãos; disponibilizar álcool em gel; alocar pessoas idosas ou imunossuprimidas em lugares mais arejados, e de máscara; e evitar a presença de pessoas com sintomas, ainda que leves.
"É claro que este ano estamos em uma condição muito melhor do que ano passado. Temos menor taxa de transmissão, menos casos graves, menos óbitos. Mas isso não significa relaxar. É fundamental que todos que vão confratenizar tenham o esquema de vacina completo, e os idosos tenham a dose de reforço. A Ômicron é mais transmissível, e apesar de ser uma forma mais leve, não podemos arriscar", afirma Chrystina Barros, pesquisadora em saúde e membro do comitê de combate à Covid-19 da UFRJ.
Chrystina alerta ainda para cuidados especiais no contato físico entre netos e avós, principalmente porque crianças menores de 12 anos não receberam vacina. "Elas não foram imunizadas ainda e podem ser um agente importante na transmissão, principalmente porque voltaram às atividades escolares", afirma a pesquisadora. "Na hora de avôs e avós darem um abraço nos netos e familiares, essa proximidade física deve ser feita preferencialmente de máscara".
Coordenador do Observatório Covid-19 da Fiocruz, Carlos Machado orienta que quem ainda não completou a imunização tente fazê-lo até duas semanas antes dos encontros de fim de ano. "O principal cuidado neste fim de 2021 é garantir que todos estejam vacinados com o esquema completo, incluindo a dose de reforço, caso a pessoa já tenha essa indicação. Quem ainda não está com o esquema completo, recomendamos que vá ao posto de saúde 14 dias antes do evento para que possa estar protegida e ajudar a proteger os outros também".
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.