Cristo RedentorFernando Maia/Riotur

Rio - Após o primeiro caso da variante Ômicron registrada no município, a presidente da Sociedade de Infectologia do Rio de Janeiro, a médica Tânia Vergara, criticou a confirmação da realização das festas de Réveillon no Rio. Nesta segunda-feira, o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, confirmou que, até o momento, nenhuma das comemorações de fim de ano será cancelada.
"Acho muito inadequada a festa de Réveillon, com a queima de fogos, porque vai juntar pessoas que vão à praia para assistir. Não é porque não vai ter metrô específico ou esquemas especiais que as praias não vão ficar cheias. No Rio, os hotéis estão com uma super lotação, o que é pior ainda porque vai ter um montão de gente em um ambiente fechado", pontua a médica. 
Apesar do primeiro registro da cepa, o secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, afirmou que ainda não há transmissão comunitária no Rio. "Não temos nenhuma mudança de protocolos. Nós estamos mantendo o passaporte de vacinação na cidade do Rio, e isso eu considero fundamental. É importante que os cariocas, quando completarem 5 meses após a segunda dose, voltem aos postos para tomar a terceira", explica.
A menos de duas semanas da virada, os hotéis estão com quase 90% de ocupação e, até o fim do mês, esperam chegar a 100%, segundo dados do Sindicato dos Meios de Hospedagem do Município do Rio (HotéisRIO). Apesar das doses estarem disponíveis para os turistas que ainda não foram imunizados, Vergara faz um alerta para o tempo de resposta imunológica das vacinas, que demora até 15 dias. 
"Se der um pulo no número de casos confirmados, espero que as festas sejam repensadas. Nos hotéis, o correto seria que pessoas que acabaram de ser vacinadas não entrem. A pessoa não vai estar imunizada, porque ainda não teria o tempo da resposta vacinal, e também precisa ver a idade da pessoa para checar a dose de vacina que ela deveria estar fazendo no momento. Pode usar a Janssen, que costuma ser de apenas uma dose, que consegue uma boa proteção e está em todos os postos, mas também precisa aguardar a resposta do corpo. Desconheço vacina que o corpo responde imediatamente", analisa. 
Ainda sendo estudada, a Ômicron já chegou a ser classificada como uma cepa mais "amena" em relação à outras. Vergara acredita que é cedo para essa conclusão e alerta para a maior taxa de transmissibilidade desta variante. "O que se está falando é que parece que ela evolui de forma menos grave, mas ela tem uma taxa de ataque muito alta. Tendo isso, muitas pessoas vão ser infectadas e, dessas, algumas vão ser mais suscetíveis ao agravamento do quadro. É meio cedo para gente dizer que ela é mais 'amena' do que outras variantes, porém quem foi vacinado deverá evoluir de forma mais branda. Contaminado por essa variante ou não", diz.
De acordo coma 60ª Edição do Mapa de Risco da Covid-19, a taxa de positividade da influenza A é de 60% no Estado nas últimas semanas. Os testes feitos pelo Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels (Lacen) também indicam que o índice de casos confirmados da Covid-19 é de 2%. Mesmo com a flexibilização no município, a infectologista afirma que é necessário continuar a seguir com os cuidados preventivos.
"Precisamos lembrar que estamos com duas epidemias, a de covid-19 — que ainda não terminou — e a de influenza. O Rio é a unidade da federação com mais casos de influenza, sendo as crianças são as mais afetadas pela doença. Então as medidas são: tomar a vacina da influenza e da covid-19, máscara, higiene das mãos e evitar aglomeração", lembra.