Prédio ligado à milícia é demolido na Muzema, em ação do MP com a Prefeitura
Edifício residencial na Estrada do Itanhangá pertence ao policial militar Ronny Pessanha de Oliveira, preso em dezembro de 2020 por atuar na milícia da região. Construção não tinha projeto aprovado pela prefeitura
Força-tarefa do MP e da Prefeitura derruba prédio ligado à milícia, na Muzema - DIVULGAÇÃO
Força-tarefa do MP e da Prefeitura derruba prédio ligado à milícia, na MuzemaDIVULGAÇÃO
Rio - Agentes do Ministério Público do Rio, da Polícia Militar Ambiental e da Prefeitura do Rio fizeram uma operação conjunta, nesta quarta-feira (22), para demolir prédios residenciais ligados à milícia de Rio das Pedras. A construção, localizada na Muzema, pertence ao policial militar Ronny Pessanha de Oliveira, preso em 2020 por atuar na milícia da região. A estimativa dos técnicos do MP é de que a demolição de um dos edifícios possa causar um prejuízo de até R$ 7 milhões ao grupo criminoso. No total, a operação destruiu sete prédios, com cinco apartamentos cada, uma casa e uma fundação já prontas.
O prédio fica na Estrada do Itanhangá nº 2.220, e foi construído sem projeto aprovado pela prefeitura e sem respeitar as leis de parcelamento do solo urbano. O responsável pela construção é Ronny Pessanha, denunciado pelo Gaeco e preso durante a operação Sturm, em dezembro do ano passado. O imóvel, que já contava com vigas de sustentação para um novo andar e estava na fase final de acabamento, tem vista privilegiada para a Lagoa da Tijuca.
"Percebemos que essas construções estavam em fase final de acabamento, sem nenhum tipo de licença. São loteamentos clandestinos e absolutamente em risco. O trabalho da Secretaria de Ordem Pública, junto com as forças policiais e o MP, é preservar a vida, asfixiar o crime organizado. Além de colocar em risco as pessoas que residem nessas localidades, essas construções também servem como sustentáculo financeiro", afirma o secretário municipal de Ordem Pública, Brenno Carnevale.
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No início do mês, a força-tarefa para desarticular os braços financeiros da milícia já haviam descoberto um supermercado em construção na Muzema, que também pertencia à milícia de Rio das Pedras. O imóvel tinha segundo andar, estacionamento subterrâneo e vista para a lagoa da Tijuca.
"Após quatro operações para prender milicianos e 72 denunciados desde 2019, o GAECO tem pleno conhecimento de que a construção irregular de imóveis é uma das maiores fontes de renda dessa milícia, sendo ações como a de hoje de extrema relevância para sufocá-los financeiramente", afirma a promotora de Justiça Roberta Laplace, do Gaeco.
Participam da operação, além do Ministério Público, a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), o Comando de Policiamento Ambiental da Polícia Militar (CPAm), a Secretaria Municipal de Conservação e a Guarda Municipal.
Ronny Pessanha, ex-Bope
O policial militar Ronny Pessanha de Oliveira, conhecido como Caveira ou Neguinho do Bope, está desde dezembro de 2020 preso. Pessanha já foi do Batalhão de Operações Especial (Bope), e segundo investigações, comandava a segurança do grupo paramilitar que atua na região de Rio das Pedras e Muzema.
Além da guarda, Pessanha também atuava como intermediário na compra e venda de imóveis. Nas investigações que levaram à sua prisão, no ano passado, a polícia descobriu que Pessanha usava armas para intimidar vítimas que não pagavam aluguéis ou atrasavam negociações.
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