Governador Cláudio Castro lança programa Cidade Integrada Luciola Villela

Rio - Um dos objetivos de Claudio Castro ao planejar o Cidade Integrada foi livrar os moradores das comunidades do Jacaré, na Zona Norte do Rio, e da Muzema, na Zona Oeste, de serem reféns de traficantes e milicianos que os extorquem através da exploração da venda de botijões de gás e da prestação ilegal de serviços como internet e TV a cabo. Durante apresentação do novo programa do governo estadual, na manhã deste sábado, Castro afirmou que conta com concessionárias e empresas para combater a atuação dos criminosos.
Desde outubro de 2020, o governador determinou que a Polícia Civil criasse uma força-tarefa de combate às milícias para asfixiar financeiramente a organização criminosa.
Investigações apontam que uma das principais atividades econômicas dos paramilitares são a exploração de serviços de 'gatonet' e da venda de botijões de gás com preços abusivos. Ainda segundo a apuração policial, as táticas financeiras da milícia passaram a ser copiadas por traficantes.
"Uma das principais vertentes desse programa é acabar com a exploração de serviços públicos ou concessionados por parte da criminalidade. Então tanto a questão da TV a cabo, a questão do gás, e outros serviços, a ideia é que isso seja 100% reestatizado para que possamos livrar a comunidade disso. A informação que chegou é que o gás na comunidade está custando R$ 120, quando na verdade ele custa R$ 80, ou seja, há uma exploração na cesta básica, na construção, no gás, e isso financia a criminalidade", informou Castro.
Segundo o governador, o Cidade Integrada busca regularizar esses serviços e aplicar tarifas sociais sobre eles.
"Ofereceremos auxílio para aquisição de botijão de gás e também para a ampliação do vale-gás. Estamos em conversa com todas as concessionárias para que a gente possa dar um voucher para que a pessoa vá lá buscar o seu botijão, que isso não vire um financiamento de criminoso. Estamos combatendo exatamente isso. Tv e internet também. Já conversamos com uma empresa e vamos apresentar um estudo para que o gatonet acabe, e as pessoas possam pagar uma tarifa social pelo serviço. Chegou a informação ontem (sexta), que tanto a Muzema quanto o Jacarezinho já estão 100% cabeados, então não há porque esses serviços estarem em poder da criminalidade ao invés de estarem nas verdadeiras concessionárias, das empresas, que trabalham corretamente nisso", declarou.
Ideia é atuar em uma comunidade controlada pelo tráfico e outra pela milícia
A escolha da Muzema para ser um dos primeiros locais a receber o Cidade Integrada foi devido ao governo nunca ter escolhido uma área com atuação de milicianos para introduzir programas de retomada territorial.
"A Muzema foi um dos berços da milícia e nunca foi feito um trabalho desses numa área de milícia. Então temos uma oportunidade de ter uma curva de aprendizado maior. Porque ocupar uma comunidade de tráfico a polícia já tem uma expertise, mas em área de milícia é a primeira vez. Então, temos uma curva de aprendizado, e fora que a proximidade dela com Rio das Pedras", explicou.
Ainda de acordo com Castro, a escolha do Jacarezinho teve relação direta com a Operação Exceptis, realizada pela Polícia Civil, no dia 6 de maio do ano passado, onde 27 suspeitos de tráfico e um agente acabaram mortos. A ação foi apontada como a mais letal da história do Rio de Janeiro.
"Tinha-se realmente a ideia, que foi projetada por nós, de ser escolhida uma comunidade de tráfico e uma de milícia. O Jacarezinho era unânime. Depois do que aconteceu tinha que ter uma intervenção ali, a gente não podia fechar os olhos para o que aconteceu lá, era um clamor da comunidade e da sociedade inteira, isso foi um clamor popular enorme", afirmou o governador.
Empréstimo de dinheiro facilitado para combater a agiotagem
Dentre os projetos do eixo econômico está a linha de crédito do Supera RJ, que prevê facilitar empréstimos para os moradores dessas comunidades. Segundo o planejamento do Cidade Integrada, serão disponibilizados R$ 30 milhões para essa ação.
Castro esclareceu que desta forma, o governo consegue enfraquecer a atuação de agiotas que emprestam dinheiro sob juros abusivos.
"As duas comunidades terão uma agência da AgeRio. Nós sabemos que um dos problemas que existem nas comunidades é a agiotagem. Então, muitos criminosos se utilizam da vulnerabilidade da população para prestar esses serviços, mas com práticas agressivas na cobrança", declarou.
O governador ainda garantiu que o programa será facilitado e com poucas burocracias. "Então estamos liberando linha de crédito de R$ 30 milhões, com praticamente burocracia zero, para que a população tenha acesso rápido a esse recurso e não precise parar na mão de traficante e miliciano, para poder ajudar sua renda ou seu empreendimento", finalizou.