Rua Teresa, em Petrópolis, foi bastante afetada pelas chuvasReprodução TV Globo

Rio - Principal ponto comercial de Petrópolis e conhecida nacionalmente, a Rua Teresa foi bastante afetada pela chuva que devastou a cidade da Região Serrana, na noite desta terça-feira, deixando dezenas de mortos e incontáveis desaparecidos. Uma encosta deslizou na área e diversos veículos ficaram amontoados pelo caminho. Diversos lojistas da via conhecida pelo polo têxtil trabalham na limpeza e contabilizam os prejuízos.
A Associação da Rua Teresa (ARTE) se solidarizou com as famílias que foram diretamente impactadas pela enxurrada e disse que as lojas foram muito afetadas, mas que ainda não há como calcular os prejuízos. 
"Ainda não há informações sobre colaboradores feridos. Alguns estabelecimentos do polo foram invadidos pela água e lama e os lojistas trabalham na limpeza e contabilizam os prejuízos", disse a ARTE, que fez um apelo à população:
"Nesse momento pedimos que as pessoas evitem acessar a rua. O alerta da Prefeitura de Petrópolis é de que os petropolitanos evitem sair de casa e sob qualquer sinal de instabilidade em suas residências acionem a Defesa Civil Municipal através do 199".
O Sindicato do Comércio Varejista de Petrópolis (Sicomércio) informou que estão trabalhando juntamente com a Fecomércio RJ nas ações de apoio às equipes envolvidas no resgate e atuação emergencial na cidade.
"Junto ao governo do Estado já foi solicitado, também, uma assistência especial da AgeRio para oferta de linhas de crédito, visando a recuperação dos empreendimentos. O Mesa Brasil, programa de distribuição de alimentos do Sesc RJ, foi acionado para direcionar e arrecadar doações de alimentos para o município", disse o sindicato em nota.
De acordo com a Sicomércio, as atividades na Rua Teresa geram 20 mil empregos. Há 5 mil estabelecimentos comerciais dos mais variados segmentos, mas principalmente dedicados à venda de roupas.
Além da Rua Teresa, há mais de 171 pontos de deslizamento. O mais crítico é o do Morro da Oficina: parte da encosta foi abaixo durante a tarde e pelo menos 80 casas foram atingidas. O município decretou Estado de Calamidade Pública e os militares seguem trabalhando. Há previsão de mais chuva para esta quarta-feira.
Saiba como doar para famílias desabrigadas
Todas as unidades da Polícia Militar do Rio viraram ponto de recolhimento de donativos. Água mineral e itens de higiene pessoal são os principais pedidos. A sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), na Avenida Marechal Câmara 210, no Centro do Rio, também virou ponto de doação.
Clubes de futebol também se prontificaram: no Vasco, o estádio de São Januário e a sede náutica da Lagoa viraram ponto de entrega de doações para Petrópolis. O Botafogo também colocou à disposição o Setor Norte do Estádio Nilton Santos.
O SOS Petrópolis, do Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis, arrecada com urgência mantimentos, roupas e itens de higiene e limpeza pessoal. Presencialmente, as doações podem ser deixadas na Rua Monsenhor Bacelar, 400, no Centro de Petrópolis (subida do Relógio das Flores, em frente ao primeiro quebra-molas). Para doar em dinheiro, a transferência bancária pode ser feita através da conta no Banco do Brasil; Ag: 2885-1; CC: 127599-2; CNPJ: 27.219.757/0001-27.
A SOS Serra também arrecada valores que serão revertidos em ajuda às famílias desabrigadas. A organização divulgou um número de Pix para doações de qualquer valor: (24) 99303-8885. Há também a possibilidade de transferência bancária: Banco Itaú; Ag: 6141; CC: 99839-0; CNPJ: 43.307.192/0001-96.
Na cidade do Rio, a Ação da Cidadania recebe doações de mantimentos. O endereço fica na Rua da Gamboa, 246, Santo Cristo, na região portuária do Rio.
Petrópolis: veja as escolas que funcionam como pontos de apoio para desabrigados

A Prefeitura de Petrópolis divulgou pontos de apoio para os atingidos pela chuva. Escolas de diferentes bairros e distritos da cidade recebem as famílias desabrigadas. São elas:

24 de Maio
Escola Estadual Augusto Meshick (Rua 24 de Maio, s/n)
Alto da Serra
Escola Municipal Vereador José Fernandes da Silva (Rua Teresa, 1.781)
Bingen
Salão Paroquial São Paulo Apóstolo (Rua João Xavier, 799)
Dr. Thouzet
Escola Paroquial Bom Jesus (Rua Dr. Thouzet, 820)
Independência
Escola Municipal do Alto Intependência (Rua Leonor Maia, 1.670)
Itaipava
Escola Municipal Dr. Paulo Buarque (Estrada de Petrópolis, km 2)
Quitandinha - Amazonas
Escola Municipal Stefan Zweig (Rua Sergipe, s/n)
Quitandinha - Duques
Escola Municipal Odette Fonseca (BR-040 sentido Juiz de Fora, km 85)
Quitandinha - Espírito Santo
Escola Municipal Governador Marcello Alecanr (Rua Amaral Peixoto, s/n)
Quitandinha - Rio de Janeiro
Centro de Educação Infantil Chiquinha Rolla (Rua Campos, s/n)
São Sebastião
Escola Municipal Papa João Paulo II (Rua São Sebastião, 625)
Sargento Boening
Escola Municipal Ana Mohammad (Estrada do Paraíso, 710)
Siméria
E.M. Rosalina Nicolay (Estrada Presidente Sodré, s/n)
Vale do Cuiabá
Quadra Boa Esperança (Estrada Ministro Salgado Filho s/m)
Vila Felipe
Escola Municipal Dr. Rubens de Castro Bomtempo (rua Permínio Schimidt, s/n)
Floresta
Escola Municipal Duque de Caxias (Travessa Luciando Camarota, 78)
Tragédias

No dia 11 de janeiro de 2011, a região serrana do Rio foi palco da maior catástrofe climática do Brasil. De acordo com os dados do Ministério Público, 918 pessoas morreram, 30 mil ficaram desabrigadas e ao menos 99 vítimas seguem desaparecidas até hoje, após um temporal sem precedentes atingir cidades como Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo. A chuva provocou avalanches de lama e muitas casas desabaram sob a força das águas carregadas de terra e entulho.
Na época do desastre, cerca de 850 mil toneladas de lama e entulho foram retiradas das ruas das cidades. Nos dez anos da tragédia, o governador Cláudio Castro decretou luto oficial e transferiu a sede do governo do estado para a Região Serrana. Em janeiro do ano passado, foi feita a promessa de investir mais de R$ 500 milhões em contenções de encostas, limpeza de rios e obras de infraestrutura em Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis e Areal.
Em 5 de fevereiro de 1988, o temporal que atingiu Petrópolis provocou enchentes, deslizamentos e desabamentos, matando 134 pessoas. Em 2001, também por causa das chuvas, 57 pessoas morreram. Em 2013, outra tragédia deixou 33 mortos.