Contra Ronnie Lessa foi imposta prisão de quatro anos e seis meses de reclusãoDivulgação

Rio - A Polícia Federal concluiu, após uma nova perícia, que Ronnie Lessa importou artefatos que eram de uso controlado pelo Exército Brasileiro. Ele e a esposa, Elaine Lessa, respondem a um processo por tráfico internacional de armas, acessórios e munição. O policial militar reformado é acusado de ter matado a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes a tiros, em 14 de março de 2018.

De acordo com informações divulgadas pelo RJ2 da TV Globo, no dia 23 de fevereiro, um pacote vindo de Hong Kong com 16 peças para fuzil AR-15 chegou ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, e chamou a atenção da Receita Federal. O destinatário era uma academia de musculação de onde Ronnie e Elaine eram sócios. O estabelecimento ficava em Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio, região controlada pela milícia.

Entretanto, o verdadeiro destino do material era um apartamento de Ronnie em Jacarepaguá, também na Zona Oeste, onde ele armazenava e montava armas, segundo a investigação. O local foi descoberto durante as investigações sobre os assassinatos de Marielle e Anderson.

Para a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF), os artefatos apreendidos se tratam de quebra-chamas, usados para diminuir o clarão gerado por disparos de arma de fogo. Na época da apreensão, os objetos eram de uso controlado no Brasil. Mas, a defesa do casal Lessa contestou a versão e alegou que os acessórios eram, na verdade, freios de boca, que diminuem o movimento da arma assim que um tiro é disparado. A peça nunca teve a importação proibida no país.

Na nova perícia realizada pela PF, foi confirmado que as peças eram de fato quebra-chamas e que só poderiam ter sido trazidos ao Brasil com aval das autoridades. De acordo com o MPF, a importação desses artefatos configura crime de tráfico internacional de armas, acessórios e munição.
Segundo informações divulgadas pela GloboNews, os peritos fizeram disparos com um fuzil AR-15 sem o acessório e mediram o clarão emitido e a energia de recuo. O mesmo foi feito com um dos objetos apreendidos acoplado ao cano do fuzil. Em seguida, eles compararam as duas situações. Os peritos concluíram que a peça combate o clarão do disparo e, sem ela, seria mais fácil localizar a posição do atirador. Segundo o relatório da polícia, o uso do quebra-chamas diminuiu em quase 85% o tamanho do clarão, se comparado ao disparo feito sem o objeto no fuzil.

Ronnie Lessa está preso desde 12 de março de 2019 e vai a júri popular pelas mortes da parlamentar e do motorista. Já sua esposa é ré no processo por tráfico internacional de armas e está presa desde 18 julho do ano passado, dias após ter deixado a cadeia por atrapalhar as investigações do caso Marielle.