Contraventor é apontado como mandante do assassinato do bicheiro 'Bid'Divulgação
Além de Bello, denunciado como mandante do crime, Leonardo Gouvêa da Silva, conhecido como Mad, e seu irmão, Leandro Gouvêa da Silva, o Tonhão, também foram denunciados. Eles foram responsáveis por, desde setembro de 2019, fazer a vigilância e monitoramento de Bid, a mando de Bernardo. Integrantes do grupo paramilitar conhecido como Escritório do Crime, a dupla foi presa em junho de 2020, durante uma ação do Gaeco.
Neste sábado, foram presos, no Rio, Thyago Ivan da Silva e Carlos Diego da Costa Cabral, seguranças contratados por Alcebíades para a ida ao Sambódromo no dia do crime. Thyago e Carlos Diego foram denunciados por passarem informações e localização da vítima e por abandono de posto de vigilância, respectivamente. Ainda neste sábado, as equipes estão à procura de Wagner Dantas Alegre, segurança de Bernardo, apontado como autor dos disparos de fuzil que mataram Bid.
De acordo com o MPRJ, o homicídio foi praticado por motivo torpe, com a intenção de eliminar o concorrente do domínio dos pontos de contravenção do jogo do bicho e exploração de máquinas caça-níqueis na Zona Sul e em parte da Zona Norte do Rio. "O crime ocorreu mediante dissimulação, uma vez que dois denunciados lograram ser contratados como seguranças para integrar a escolta de Bid, que pensava estar protegido; e por emboscada, uma vez que a vítima foi brutalmente alvejada por dezenas de tiros de fuzil, sem qualquer chance de defesa, no exato momento em que desembarcava de uma van, por executor que já aguardava de modo velado no local", disse o Ministério Público.
Contravenção
Alcebíades Paes Garcia, o Bid, era apontado pela polícia como um dos chefes do jogo do bicho no Rio. O bicheiro foi morto a tiros quando chegava no condomínio da namorada, na Barra da Tijuca, depois de ter acompanhado a última noite de desfiles do Grupo Especial na Marquês de Sapucaí. Ele havia assumido o controle da contravenção depois que seu irmão, Waldemir Paes Garcia, o "Maninho", foi assassinado, em setembro de 2004.
Maninho foi morto a tiros aos 42 anos, na frente do filho Myro Garcia, com 15 anos na época, quando eles deixavam uma academia de ginástica em Jacarepaguá, na Zona Oeste. O jovem também foi atingido, mas sobreviveu. O bicheiro respondia por crimes como formação de quadrilha e contrabando, sendo condenado há seis anos de prisão, em 1993. Após passar pouco mais de três anos na cadeia, ele foi solto em 1996.
O contraventor era presidente do Conselho Fiscal da Acadêmicos do Salgueiro e sucedeu o pai, Waldomiro Garcia, o Miro, na função de patrono da escola de samba. Além do jogo do bicho, ele também controlava parte do negócio de máquinas caça-níqueis, em especial as que funcionavam em Copacabana, na Zona Sul do Rio.
Meses após o assassinato, Bernardo e a filha de Maninho, Tamara Harrouche Garcia, assumiram um relacionamento e ele se mudou para a casa da família dela. O casal, que hoje é separado, se conheceu em uma academia em Jacarepaguá. Em 2019, a ex-cunhada de Bello, Shanna Harrouche Garcia, o acusou de ter tentado matá-la. Ela foi alvo de uma tentativa de homicídio na Barra da Tijuca, mas sobreviveu.
Segundo ela, Bernardo controla os pontos do jogo do bicho e máquinas caça-níqueis herdados do seu pai. Além disso, nos últimos dez anos, de acordo com a Polícia Civil, ele manteve estreita relação com o ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e miliciano, Adriano da Nóbrega, morto em 2020 durante uma operação policial na Bahia.
Assim como Bid, Maninho e Shanna, Myro, que não tinha a imagem ligada ao jogo do bicho, também foi vítima de um atentado, mas não sobreviveu. No dia 12 de abril de 2017, ele foi sequestrado quando saía de uma academia na Barra da Tijuca. Ele pagou o resgate, mas foi morto após deixar o veículo dos sequestradores.
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