Alessandra Vaz e Rodrigo Marotti Reprodução
MPRJ e familiares contestam condenação de Rodrigo Marotti por morte de amigas em Nova Friburgo
Júri do Fórum de Nova Friburgo desconsiderou a inteção de matar e condenou o criminoso a 19 anos e quatro meses de prisão apenas pelo crime de incêndio com resultado de morte
Rio - Familiares de Alessandra Vaz e Daniela Mousinho, mortas em outubro de 2019, no distrito de Mury, em Nova Friburgo, se revoltaram com a condenação de Rodrigo Marotti. Ele é acusado de ter trancados as duas mulheres no banheiro de casa e ateado fogo na residência. Após mais de 12h de sessão, nesta quarta-feira (9), o Júri do Fórum de Nova Friburgo desconsiderou a inteção de matar e condenou o criminoso a 19 anos e quatro meses de prisão apenas pelo crime de incêndio com resultado de morte. O Ministério Público do Rio (MPRJ) recorreu da decisão na própria sessão do julgamento (veja a nota no final da matéria).
Rodrigo Marotti é ex-namorado Alessandra. As duas amigas estavam escondidas para tentar fugir das agressões do homem. Elas chegaram a ser resgatadas com vida, mas não resistiram aos ferimentos, ambas sofreram queimaduras em mais de 80% do corpo. Alessandra, além de ex-namorada, era também sócia de Marotti em uma empresa de roupas.
A família afirma ser injusta a decisão da não condenação por homicídio. Andresa Vaz, irmã de Alessandra, publicou nas redes sociais detalhes do julgamento. "Sem forças", escreveu ela. Já Luiza Mousinho, filha de Daniela, publicou um desabafo após deixar o Fórum do município.
"Eu não tenho obrigação nenhuma de estar fazendo esse vídeo, mas eu quero que vocês vejam a minha cara, porque essa é a cara de uma filha que sentou no Fórum de Nova Friburgo durante mais de 12h, ouviu os mais absurdos depoimentos sobre a minha mãe, sobre as amigas da minha mãe e tive que ouvir no final que a decisão do Júri foi que o assassino não teve a intenção de matar a minha mãe e a Alessandra, mesmo tendo ateado fogo no colchão que impedia a passagem delas para fora da casa", disse ela.
As famílias das vítimas dizem que vão recorrer da decisão. O Ministério Público do Estado do Rio, por sua vez, recorreu na própria sessão de julgamento por entender que a decisão dos jurados foi manifestamente contrária à prova dos autos. O recurso terá por objetivo a anulação do júri para submeter o acusado a novo julgamento perante o Tribunal do Júri, para que seja condenado por duplo feminicídio em nova sessão plenária.
O caso
Segundo investigação, na época do crime, o acusado teria se desentendido com a ex-namorada por causa da gestão de um negócio que tinham em comum. Ele trancou Alessandra e a amiga Daniela em um banheiro e ateou fogo na casa. Rodrigo foi preso no dia seguinte ao crime. As duas tiveram queimaduras graves, chegaram a ser socorridas mas morreram dias depois.
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