Wallace Ribeiro de Souza faleceu nesta quinta-feira (10)Reprodução / Redes sociais

Rio - Familiares de Wallace de Souza Ribeiro, morto na última quarta-feira (9) durante uma ação policial na Vila Rosário, em Duque de Caxias, devem se reunir no início desta semana com membros da Comissão de Direitos Humanos da Alerj e com a Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). O objetivo é pressionar pela solução do caso. A família acusa policiais militares pela morte do homem de 28 anos, e dizem que os agentes admitiram o erro quando viram na mochila do rapaz apostilas de estudo para o concurso da Polícia Civil.
Juliana Medeiros, madrinha de Wallace, diz que ele voltava do trabalho no momento dos tiros. Ao perceber o tiroteio, ele teria chegado a gritar "sou trabalhador", mas foi atingido por um tiro de fuzil. Na mochila, carregava o material do curso preparatório Degrau Cultural, onde estudava. Testemunhas que acompanharam a ação disseram que os policiais ficaram nervosos quando abriram a mochila de Wallace e viram as apostilas da Polícia Civil. "Um dos PM viu e comentou com o colega: 'isso vai dar m..., falei que não era para ter atirado'", disse a madrinha. No confronto, outros dois homens foram baleados. Um deles recebeu alta, outro segue internado no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes.
"Nós da família gostaríamos de um pedido de desculpas públicas do governo, da polícia, gostaríamos que o estado se manifestasse. As pessoas associam um negro, vindo com uma mochila, a um ladrão, a um bandido. A gente quer uma posição do estado. Servidores fardados não podem matar a população. Foi assim com as meninas Emily e Rebeca, aqui mesmo em Caxias, foi assim com a Kathlen Romeu", lamenta Juliana.
Funcionário de uma funerária na Penha, Wallace deixou quatro filhos de 8, 6, 4 e 2 anos de idade. Os fuzis dos policiais utilizados na ação ficaram à disposição da perícia da Polícia Civil.
O que diz a PM
A Polícia Militar afirma que "agentes do Batalhão de Choque (BPChq) tentavam abordar um veículo suspeito quando foram atacados a tiros pelos ocupantes na Av. Presidente Kennedy, esquina com a Rua Lauro Sodré, próximo à Comunidade do Barro, em Duque de Caxias. Houve confronto. Após cessarem os disparos, as equipes realizaram buscas pela região, mas os criminosos não foram localizados". A corporação afirmou também que só "posteriormente" os policiais só foram informados dos homens feridos e levados ao Hospital Estadual Adão Pereira Nunes.