Hospital Alcides Carneiro, em PetrópolisDivulgação / Prefeitura Municipal de Petrópolis

Rio - Desde a tarde de terça-feira (15), os hospitais do município de Petrópolis, na região serrana do Rio, têm recebido vítimas do desastre causado pelas chuvas. As unidades, públicas e privadas, reúnem esforços para atender as pessoas feridas na tragédia. Já os profissionais de saúde, apesar das grandes perdas, enfrentam as ruas enlameadas da cidade para chegar aos hospitais e atravessam madrugadas para salvar vidas. 
Ao longo da semana, famílias passaram os dias em frente aos principais hospitais à espera de atualizações sobre parentes que ainda não deram notícias. Um desses locais é o Hospital Alcides Carneiro, que fica no bairro de Corrêas. Na unidade, que é a principal da rede pública de Petrópolis, uma tenda do IML foi montada para reconhecimento das vítimas fatais. Segundo a Polícia, foram registrados, até o momento, 218 desaparecidos e 130 mortos.
Natália Gulias é estudante de medicina e interna do Hospital Alcides Carneiro. O setor onde a jovem atua não recebeu vítimas da tragédia, mas Natália pôde presenciar a realidade pelos corredores. "Dentro do hospital, a situação é muito pesada. A gente se depara com profissionais que vivenciaram muita perda e pacientes que não conseguem entrar em contato com a família", falou a estudante.
A jovem mora em um local próximo à Rua Coronel Veiga, uma das primeiras a ser interditada pela Defesa Civil na terça-feira (15), dia da chuva. Natália afirma que "está sendo muito difícil sair e voltar para casa. Os bombeiros estão trabalhando para tirar a lama da região, mas o acesso continua bem complicado". Mesmo enfrentando as ruas caóticas da cidade, a estudante continua indo ao hospital para atender os pacientes.
As unidades de atendimento privado também receberam feridos durante os últimos dias. Na madrugada de quarta-feira (16), logo após o temporal, todos os hospitais da cidade deram suporte às vítimas encaminhadas pelo SAMU e pelo Corpo de Bombeiros. O Hospital Unimed Petrópolis, no bairro Bingen, teve o muro derrubado pela tempestade. A unidade, que normalmente recebe pacientes graves do SUS, atendeu 17 vítimas das fortes chuvas, mas apenas 7 permanecem internadas e estão estáveis. Até o momento, a unidade não registrou óbitos.
O Hospital Santa Teresa, localizado no Centro de Petrópolis, também recebeu pacientes oriundos do Corpo de Bombeiros, SAMU e Concer, priorizando o atendimento às vítimas. Parte das atividades rotineiras do hospital estão suspensas até que a situação na cidade seja minimamente normalizada. A unidade recebeu 75 feridos, 39 ainda estão internados, 8 deles encontram-se na UTI. O hospital registrou 4 óbitos até o momento.
Mariana Silveira é médica e trabalha na UTI do Hospital Santa Teresa. Após a tragédia, a profissional atendeu pacientes encaminhados pelo Corpo de Bombeiros. O drama vivido pelas vítimas e suas famílias passou a fazer parte da rotina. "O dia a dia está muito difícil. Desde quarta-feira (16), só tem história triste por onde a gente passa", afirmou ela. 
Segundo a Defesa Civil, a previsão do tempo para os próximos dias, em Petrópolis, é de mais chuva, aumentando o risco de novos desabamentos. Tal promessa assusta ainda mais os moradores da cidade e mantém os hospitais em estado de alerta. O cenário, dentro e fora das unidades de saúde, é de tristeza e perda. Em meio à tragédia, os profissionais permanecem de pé, atuando na recuperação dos feridos. "Os médicos e enfermeiros estão com o semblante muito triste, mas tentando se manter bem o bastante para conseguir ajudar", afirmou a estudante Natália.
* Estagiária sob supervisão de Yuri Hernandes