Naquele sacolejo tranquilo pelas ruas de terra, onde asfalto e carros não têm vez, era evidente o contraste com o cenário agitado que havíamos deixado para trás. Quem ditava o ritmo naquela tarde ensolarada era o vaivém das bicicletasArte: Kiko

Num dia de verão escaldante no Rio, o meu pensamento foi longe e me peguei planejando férias na Bahia. São aqueles sonhos que a gente tem de repente e nos levam a acessar sites de viagem, mas sem nada de concreto realmente. A única certeza é o embarque pela imaginação. Até fantasiei momentos típicos da canção de Toquinho e Vinicius de Moraes: "Passar uma tarde em Itapoã/ Ao sol que arde em Itapoã/ Ouvindo o mar de Itapoã/ Falar de amor em Itapoã..."
Pode ser que o desejo ainda demore a se concretizar, mas boto fé que um dia ele vai acontecer. E logo me lembrei de um passeio que também surgiu assim, após ter sido sonhado várias vezes. Por diversas ocasiões, eu havia feito pesquisas sobre a Ilha de Paquetá, mas a visita ao charmoso lugarejo só aconteceu neste ano, numa segunda-feira de folga, ao lado de duas amigas, Tainara e Jessica. Em algum lugar do coração, eu carregava a música de Toquinho e Vinicius: "E com um olhar esquecido/ No encontro de céu e mar...".
Pouco a pouco, entrei no clima do passeio, transformando a ilhade tantas pesquisas da Internet numa perspectiva só minha, bem particular. Primeiro, através da barca que saiu às 13h30 da Praça XV, no Centro do Rio, e zarpou por 50 minutos pela Baía da Guanabara, com a Ponte Rio-Niterói se agigantando diante de nós. Depois, percorremos a Ilha num carrinho elétrico pilotado pelo guia Felipe. Naquele sacolejo tranquilo pelas ruas de terra, onde asfalto e carros não têm vez, era evidente o contraste com o cenário agitado que havíamos deixado para trás. Quem ditava o ritmo naquela tarde ensolarada era o vaivém das bicicletas.
Enquanto Felipe nos guiava, eu reparava nas casas dali, datadas de um tempo bem longe do nosso. O passeio teve ainda coreto, igrejinhas e lendas no caminho.Em Paquetá, assim como na canção, também falamos de amor, na visita à Pedra dos Namorados, com a promessa de um afeto para quem acertar pedrinhas arremessadas de costas, por trás do ombro, em um rochedo redondo. Por fim, paramos nas cadeiras na calçada de uma das praias e abrimos petiscos, improvisando um simples banquete.
Assim, o entardecer tomava conta do cenário e dourava o mar. Até que chegou a hora de reencontrar a barca. Na volta para o Rio, eu levava registros únicos e uma constatação: é bom passar uma tarde em Paquetá...