Rio- Andarilhas, muitas das pessoas que vivem em situação de rua sofrem por não terem um chinelo. Em apelo nas redes sociais, o ex-morador de rua e escritor Léo Motta, tenta arrecadar 100 pares de chinelos para doar em evento pelo Dia Internacional das Mulheres, que ocorre nesta terça-feira, dia 8. A data da ação, porém, será no próximo sábado dia 12, às 9h, na Cinelândia, Centro do Rio. Durante a atividade, além de um desfile para mulheres, mulheres trans e travestis que vivem nas ruas, com direito a tapete vermelho, haverá a distribuição de kits de higiene, momento beleza, com maquiagem, unha, cabelo e troca de roupas. Na ocasião, também será servido café da manhã para 250 pessoas e 100 quentinhas.
Segundo Motta, a intenção é levantar a autoestima dessas mulheres, muitas delas, com depressão. “Esse evento é super importante porque marca o Dia Internacional da Mulher. Meu maior intuito é trazer visibilidade para mulheres em situação de rua. Para mostrar que ali também tem uma mulher que tem o mesmo sentimento, mas não tem um endereço para voltar no final do dia. No desfile, serão atendidas 15 mulheres com roupa, maquiagem, unha, cabelo, roupa nova e umkit higiene”, explica Leo Motta, que conta com ajuda de organizações sociais e voluntários.
Apesar do apoio que recebeu, Motta ainda não conseguiu adquirir os 100 pares de chinelos, que pretende doar a este público no sábado. Pelas suas redes sociais @leomottaescritor, ele corre contra o tempo para conseguir a doação.
“A falta dos chinelos fere muito a população de rua, a gente se sente menor do que o outro até na mesma condição. Isso também atesta a miséria. Eu em situação de rua também caminhei descalço e sei como dói. O chinelo tira esse selo de uma vida miserável e exclusão e dá um pouco mais de dignidade a pessoa”, relata o ex-morador de rua.
A camelô Thays Cristini Nascimento, 31 anos, que participou da edição de um desfile na rua durante o Natal de 2020, conta que o evento levanta a autoestima dessas mulheres. Na época, ela vivia com os quatro filhos e três enteados em uma ocupação no Centro.
"Aquele dia(do desfile), eu me senti gente, bonita de novo, por ter uma roupa para vestir. O desfile nos deu dignidade novamente. Mostrou que a gente estava viva, que ainda havia chances. Hoje, graças a Deus, hoje não me encontro mais em situação de rua. Tenho uma casa, um lar para dar aos meus filhos”, desabafa Thays, quedará o seu depoimento durante o evento de sábado.
De acordo com Censo realizado pela Prefeitura do Rio, em 2020, havia 7.272 pessoas em situação de rua na cidade. Destes, 76,2% eram negros (pretos e pardos), 65,7% com idadesentre 18 e 49 anos. Entre eles, havia682 mulheres Cis, 38 mulheres trans e 13 travestis entre outros gêneros.
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