Rio- "Meu irmão foi abrir o portão do posto de saúde e estava com uma vassoura na mão que foi confundida pelos PMs com um fuzil", afirma Rosenir Tavares da Silva, de 48 anos. Revoltada, Rosenir pedia por justiça no enterro do irmão, o vigia Fábio Tavares da Silva, 42, na tarde desta quinta-feira (24). O vigia foi morto durante uma operação policial na terça-feira (22) na Favela do Guácha, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense.
Inconformada com a morte, a família do vigia nega que ele estivesse envolvido com o crime organizado. Além do posto de saúde, ele também trabalhava numa escola municipal. Em nota, a Polícia Militar chegou a informar que, durante a ação, dois suspeitos foram feridos em confronto e foram apreendidos um rádio comunicador e duas pistolas.
O vigia Fábio Tavares da Silva, 42 anos, morto durante operação policial na terça-feira (22) na Favela do Guácha, em Belford Roxo, foi enterrado nesta quinta-feira (240. Familiares dizem que ele não tem envolvimento com bandidos e pedem por justiça. #ODiapic.twitter.com/iia4uh2oA8
"Eu contei sete disparos no corpo do meu irmão. Os policiais têm que pagar pela incompetência e pelo que fizeram. Eles (os PMs)não merecem a farda que vestem. Queremos justiça", desabafou Rosenir. De acordo com Rosenir, depois de morto, o irmão teve o corpo amarrado por uma corda e foi arrastado até o veículo blindado da corporação, conhecido como Caveirão.
Filho de uma família de 11 irmãos, Fábio morava ao lado do posto de saúde onde trabalhava na Favela do Guácha, em Belford Roxo. "Nós todos nascemos e fomos criados na comunidade. Meu irmão era um trabalhador, que só ia do trabalho para casa. Era muito familiar. Cuidava dos meus pais idosos que tiveram AVC", garantiu Rosenir.
Fábio Silva era casado e pai de duas adolescentes, de 12 e 16 anos. Ele havia comprado uma casa própria há dois anos e ainda faltava um ano para quitar o imóvel. Ele planejava comprar outra casa para morar ao lado dos pais, de 72 e 75 anos. Bastante revoltados, os familiares do vigia se emocionaram muito no enterro dele. Os irmãos vestiam uma camisa com a foto de Silva onde estava escrito 'Saudades eternas'.
O pai do vigia chegou a passar mal durante o velório e foi levado ao hospital. No momento do sepultamento, houve aplausos e discursos por justiça. Testemunhas da ação policial chegaram a anotar a placa da viatura envolvida na ação: LTY3B66. Dois PMs são apontados pela família como os autores dos disparos, ambos são lotados no 39º BPM (Belford Roxo). Na ocasião, familiares do rapaz chegaram a fazer uma manifestação na Avenida Automóvel Clube.
"Estamos pensando em pedir medida protetiva para nossa família. Todos nós moramos na comunidade", adiantou Rosenir. Os familiares de Silva organizam outra manifestação para esta sexta-feira (25). Eles vão sair em protesto pela morte na Avenida Automóvel Clube. A intenção é chamar a atenção das autoridades para que o caso seja investigado.
Por meio de nota, a Polícia Civil informou que as investigações estão em andamento na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). "Testemunhas estão sendo ouvidas e os agentes continuam em diligências para esclarecer a origem do disparo que atingiu a vítima e esclarecer o caso", diz a nota.
Procurada pelo DIA, a Polícia Militar voltou a responder com a versão apresentada no dia da morte de que "dois suspeitos foram feridos". Ainda segundo a PM, a ocorrência foi registrada na 54ª DP. "A identificação dos envolvidos e a investigação estão a cargo da Polícia Civil.", diz a nota da PM.
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