Ônibus já chegam lotados em pontos de MadureiraMarcos Porto / Agência O Dia

Rio - Os rodoviários entraram em greve nesta terça-feira e o movimento paralisou a circulação nos corredores do BRT, mas os ônibus regulares circulam com cerca de 60% da frota na cidade. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, disse que o plano de contingência elaborado pelo município para assegurar a prestação do transporte público à população carioca já foi colocado em prática. Ele ainda criticou o fato de só os motoristas dos articulados pararem os trabalhos. 
"Quando se tem uma paralisação dessas, é óbvio que o transporte, que já não está bom, acaba sendo afetado. É um dia difícil. Nós estamos desde ontem anunciando um plano de contingência, mas ele nunca substitui o sistema que já tem deficiência. O que estamos buscando fazer é colocar esses diretões que atuam, principalmente na Transoste, porque é o que percorre as maiores distâncias. A gente vem fazendo esse reforço para que esses ônibus possam atender a população", declarou Paes em entrevista ao 'Bom Dia Rio', da TV Globo.
De acordo com Eduardo Paes, a paralisação afeta principalmente os motoristas do sistema BRT. "Mais uma vez, estranhamente nenhum motorista apareceu. É curioso que param apenas os ônibus do BRT. O que vivemos hoje são os motoristas de BRT inacessíveis neste momento. É a única categoria que está nessa inacessibilidade toda. Eu gostaria de lembrar que é a categoria mais bem remunerada, acabaram de receber uma indenização e estão com os salários e direitos em dia".
Devido aos problemas gerados pela greve, o prefeito não descartou a possibilidade de demissões.
"Quem não aparece para trabalhar pode ser demitido pelas regras da legislação trabalhista, mesmo não querendo demitir ninguém. É uma greve ilegal e é importante que eles entendam isso. Os motoristas ganharam uma indenização da prefeitura, paga com dinheiro público, mas todo dinheiro acaba. Não é inteligente ficar esticando demais essa corda. O que pode acontecer é a gente ficar alugando ônibus dessas empresas que criaram problemas no sistema", disse Paes.
A categoria pede melhorias salariais e das condições de trabalho. O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 1ª Região, porém, concedeu liminar declarando a paralisação dos rodoviários ilegal e marcou audiência de conciliação para segunda-feira, dia 4 de abril.
A desembargadora Edith Maria Correa Tourinho, que é presidente do TRT, concedeu uma liminar ao RioÔnibus determinando que o sindicato dos rodoviários não entrem em greve e siga suas atividades normalmente sob pena de multa diária no valor de R$ 200 mil.
O Centro de Operações Rio (COR) informou que o município entrou em estágio de mobilização à 0h, desta terça-feira, por causa do anúncio de greve dos rodoviários e da possibilidade de chuva. Segundo o Alerta Rio, núcleos de chuva atuam em diversos pontos da Zona Oeste, e causaram chuva fraca a moderada na última hora.
Atualmente, quase 19 mil rodoviários no município do Rio transportam diariamente três milhões de pessoas.
O presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus do Rio (Sintraturb/RJ), Sebastião José da Silva, afirmou que de acordo com relatos dos profissionais da categoria que estão nas garagens, as empresas estão ligando e indo buscar em casa os motoristas.
Segundo ele, alguns motoristas estão sofrendo ameaças para saírem com os ônibus das garagens sob pena de sofrerem sansões e até demissão.
"As empresas estão usando a liminar como forma de impor o retorno dos profissionais, porém o sindicato ainda não foi comunicado oficialmente da liminar. Assim que isso ocorrer, iremos convocar uma assembleia para comunicar a categoria a decisão judicial. Isso já era esperado por parte das empresas, que trata a categoria como gado e sem nenhuma sensibilidade em relação as necessidades da categoria. O BRT está praticamente 100% parado, já nos demais consórcios os profissionais estão sendo obrigados a circular", informou Sebastião José.
Ainda conforme o sindicalista, os trabalhadores estão há mais de três anos sem reajustes de salário, tickets ou cesta básica. "Em todos esses anos como sindicalista jamais presenciei um quadro tão tenebroso no transporte público como agora".
Por meio de nota, o Rio Ônibus, sindicato das empresas de ônibus da Cidade do Rio, informou que repudia o movimento grevista. O sindicato disse ainda que pede que os profissionais não façam adesão à paralisação e retomem seus postos de trabalho.
Orientação para a população
A prefeitura orientou que a população utilize o metrô, barcas, trens e VLT; e viaje fora dos horários de pico ou trabalhe de casa. O município anunciou um reforço na operação dos modais:

VLT: extensão do horário de pico de acordo com a demanda, garantindo 7 minutos de intervalo nas 3 linhas;
Metrô: oferta extra nos horários de entrepico conforme necessidade, podendo também estender os horários de pico nos trens e Metrô na Superfície;
SuperVia: oferta de trens reservas posicionados no Ramal Santa Cruz e Gramacho. Caso a demanda de passageiros tenha acréscimo, os mesmos serão adicionados à operação, podendo antecipar a operação do pico da tarde;
Barcas: uso de embarcações maiores na ligação Cocotá-Praça 15. Os horários das linhas, exceto Cocotá e Paquetá, foram retomados de acordo com os intervalos pré-pandemia; Intermunicipais: reforço de linhas que passam no município.
As vans e os "cabritinhos", que são veículos que circulam em comunidades, estão autorizados a desviar o itinerário para atender estações de trem, metrô e BRT nas áreas de planejamento das respectivas linhas e uso das faixas de BRS.

Haverá fiscalização de cobrança de tarifas abusivas nas vans pela Seop, nos táxis, por meio do aplicativo Taxi.Rio e em ônibus executivos, em caso de denúncias feitas pela SMTR.

A CET-Rio monitora pontos críticos quanto a eventuais impactos na circulação para ações de operação de tráfego com objetivo otimizar a fluidez do trânsito principalmente nos arredores dos terminais Alvorada, Recreio, Fundão, Jardim Oceânico, Central do Brasil e Mato Alto.