Fábio Tavares da Silva, 42 anos, foi baleado durante uma operação policial na terça-feiraReprodução
Laudo aponta que vigia morto durante operação da PM em Belford Roxo foi atingido por seis disparos
De acordo com o documento, foram dois ferimentos no abdômen, um no braço direito, um na coxa esquerda, um na barriga e um nas costas
Rio - Um laudo do Instituto Médico Legal apontou que o vigia Fábio Tavares da Silva, de 42 anos, morto durante uma operação da PM em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, foi atingido por seis disparos. A informação é do 'RJ1', da TV Globo. De acordo com o documento, dois ferimentos foram no abdômen, um no braço direito, um na coxa esquerda, um na barriga (na parte inferior esquerda) e um nas costas (lado direito).
A delegada Ana Carolina Medeiros, responsável pelas investigações na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), confirmou que os policiais militares envolvidos na ação foram ouvidos na distrital na tarde de ontem (31). As armas dos agentes, que estão afastados das ruas, também foram apreendidas para a perícia.
Fábio foi morto enquanto trabalhava num posto de saúde na comunidade da Guacha, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, no último dia 22 de março. Na ocasião, os PMs teriam confundido uma vassoura que Fábio segurava, com uma arma.
No dia do ocorrido, a Polícia Militar afirmou que "os policiais foram atacados e dois suspeitos ficaram feridos no confronto" e que "a identificação dos envolvidos e a investigação estavam a cargo da Polícia Civil".
Em nova versão, a corporação voltou atrás e afirmou que um procedimento apuratório foi aberto pelo comando do 39ºBPM (Belford Roxo) para "averiguar a dinâmica do fato, e que todas as providências administrativas em relação à ocorrência estão sendo adotadas".
'Muito triste o que fizeram'
O corpo do vigia foi enterrado no último dia 25, no Cemitério Israelita de Vila Rosali, em São João de Meriti, Baixada Fluminense. Durante a ocasião, Bruna Nascimento, mulher de Fábio, negou que ele tivesse envolvimento com o crime organizado e que, além do posto de saúde, ele também era zelador em uma escola municipal.
"Foi muito triste o que fizeram com o meu esposo. Tiraram a vida dele sem mais nem menos, sem saber se era trabalhador ou não. Ele estava abrindo o portão na hora do trabalho e os policiais chegaram atirando nele, tirou a vida dele. Sem saber se ele era vagabundo. Como é que pode isso? Tirou ele das minhas filhas, de mim. O que é que vai ser da gente agora?", lamentou Bruna.
A irmã de Fábio, revoltada com a situação, lamentou a morte e pediu por justiça no enterro. "Eu contei sete disparos no corpo do meu irmão. Os policiais têm que pagar pela incompetência e pelo que fizeram. Eles [os PMs] não merecem a farda que vestem. Queremos justiça", desabafou Rosenir. De acordo com ela, depois de morto, o irmão teve o corpo amarrado por uma corda e foi arrastado até o veículo blindado da corporação, conhecido como Caveirão.
Filho de uma família de 11 irmãos, Fábio morava ao lado do posto de saúde onde trabalhava na Favela do Guácha, em Belford Roxo. "Nós todos nascemos e fomos criados na comunidade. Meu irmão era um trabalhador, que só ia do trabalho para casa. Era muito familiar. Cuidava dos meus pais idosos que tiveram AVC", garantiu Rosenir.
Fábio Silva era casado e pai de duas adolescentes, de 12 e 16 anos. Ele havia comprado uma casa própria há dois anos e ainda faltava um ano para quitar o imóvel. Ele planejava comprar outra casa para morar ao lado dos pais, de 72 e 75 anos. Bastante revoltados, os familiares do vigia se emocionaram muito no enterro. Os irmãos vestiam uma camisa com a foto de Silva onde estava escrito 'Saudades eternas'.
O pai do vigia chegou a passar mal durante o velório e foi levado ao hospital. No momento do sepultamento, houve aplausos e discursos por justiça. Testemunhas da ação policial chegaram a anotar a placa da viatura envolvida na ação: LTY3B66. Dois PMs são apontados pela família como os autores dos disparos, ambos são lotados no 39º BPM (Belford Roxo). Na ocasião, familiares do rapaz chegaram a fazer uma manifestação na Avenida Automóvel Clube.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.