Galloti morreu em decorrência de um câncer nas cordas vocaisDivulgação
Morre o músico e compositor Eduardo Gallotti
Com destacada atuação pela preservação do samba nas décadas de 1990 e 2000, ele foi vítima de câncer
Rio - Morreu, na madrugada desta quinta-feira (12), o músico, cantor e compositor Eduardo Gallotti, aos 58 anos, vítima de câncer. Referência no mundo do samba, ele se destacou pelo trabalho de pesquisa em defesa da preservação de pérolas do gênero, além da intensa participação em rodas na Lapa, como Sobrenatural e Mandrake, e em Niterói, como o Candongueiro. O velório do artista será hoje às 14h, na Capela do São João Batista e o enterro acontecerá ás 16h30 no cemitério de mesmo nome, em Botafogo.
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Entusiasta do carnaval de rua, Galotti venceu sambas nos blocos Simpatia É Quase Amor, Suvaco do Cristo, Bloco de Segunda e Barbas. Apaixonado por samba, começou sua jornada na música ainda jovem, quando largou a faculdade de Biologia em 1984 para fazer shows na noite. Se apresentava em bares dos bairros da Lapa, Botafogo e Baixo Gávea. Também comandou rodas no Clube dos Democráticos, na Rua do Riachuelo, nos anos 2000, sendo um dos grandes responsáveis pela "revitalização" do samba, ao lado de nomes como Teresa Cristina, Nilze Carvalho, Pedro Miranda, Pedro Paulo Malta, Alfredo Del-Penho e outros.
Nos últimos meses, chegou a postar vídeos tocando cavaquinho dentro do hospital, onde realizava sessões de quimioterapia. Apesar das internações, Galotti, que era torcedor fanático do Fluminense, enfrentou o câncer nas cordas vocais bravamente e fazia questão de demonstrar otimismo.
Nas redes sociais, amigos se despediram do músico e exaltaram sua importância. "Muito mais que alguns, Gallotti merece o prêmio de quem veio ao mundo e fez a diferença, do seu jeito, do nosso jeito, do jeito do samba. Meus sentimentos à família, particularmente ao seu irmão", escreveu o compositor e violonista Cláudio Jorge.
A cantora Teresa Cristina também se despediu. "Galotti foi o primeiro sambista que eu conheci de perto. Suas rodas no Mandrake, no Sobrenatural, no Lavradio. Aprendi com ele muitos sambas do Noel, Nelson Cavaquinho… Gallotti era uma enciclopédia! Engraçado, talentoso, inteligente. Acordei com essa notícia triste e ainda vou digerir essa informação mas foi embora um mestre das rodas, saibam todos todos vocês".
O pesquisado e cantor Pedro Paulo Malta, uma das estrelas do célebre musical "Sassaricando" destacou a importância do amigo. "Abriu caminhos, juntou gente à beça, cantou pra cacete (em quantidade e qualidade) e agora - como no samba do Nelson Cavaquinho - vive eternamente no coração da gente", publicou.
Integrante do Samba do Trabalhador, no Renascença Clube, o músico e compositor Gabriel da Muda também se manifestou. "Gallotti, além de ser pioneiro neste movimento que trouxe o samba de volta ao seu lugar, um pouco esquecido na década de 90, era um imenso conhecedor do assunto, provavelmente o maior que conheci. Além disso, um intérprete único. Cantava como ninguém, gozando de si mesmo, com as letras dos sambas que só ele sabia. Que honra imensa foi ter tido o privilégio desse aprendizado todo. Que honra imensa é poder dizer que, mais que fã, virei seu amigo. Obrigado por tudo, professor! Seguiremos daqui, fazendo nossa parte, e seguindo o teu lindo legado", escreveu.
O cantor Moyseis Marques lamentou. "Que porrada! Quando eu te encontrar tu vai se ver comigo. Descanse em paz. Esses dias que virão serão bem difíceis pra nós", escreveu.
"Amigo, você deixa saudade e um imenso legado ao samba . Vá em paz, pois paz e alegria foi o que você plantou!", escreveu o compositor Marquinhos de Oswaldo Cruz, em suas redes sociais em homenagem ao sambista.
O presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj), deputado André Ceciliano (PT), também rendeu homenagens ao cantor. "As rodas de samba perdem um de seus maiores nomes… Eduardo Gallotti. Figura onipresente, era apaixonado pelo Rio de Janeiro, uma espécie de enciclopédia, talvez o maior conhecedor de letras e melodias do glorioso Rei do Terreiro", afirmou.
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