Motorista de aplicativo foi detido durante blitz da Polícia Rodoviária Federal em junho do ano passadoReginaldo Pimenta / Agência O Dia

Rio - Acusado de tráfico de drogas, o ex-motorista de aplicativo José Adriano de Souza Lima, de 45 anos, que ficou preso por 11 meses em Juiz de Fora, Minas Gerais, foi inocentado pela justiça. Em sentença dada pela 2ª Vara Criminal do município, o juiz Edir Guerson de Medeiros disse que não ficou comprovada a participação de José Adriano na acusação de tráfico de drogas. Ele foi detido após a Polícia Rodoviária Federal (PRF) encontrar drogas nos pertences de uma passageira que o homem transportava do Rio de Janeiro para Minas Gerais.
Em junho do ano passado, Lima e Tairiny Cristini Duarte Custódio foram presos em uma blitz na BR-040, em Juiz de Fora. Eles iam do Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio, para o município de São Tiago, no Campo das Vertentes, em Juiz de Fora. Na abordagem da PRF, foram encontrados 329 pinos de cocaína, 202 frascos da mesma droga e 267 invólucros de maconha, que estavam na mochila de Tairiny.
Na sentença, datada no último dia 6, o juiz informa que absolvição ocorreu por insuficiência de provas para condenação:
"(...) uma vez que este Magistrado possui dúvidas a respeito de sua autoria, ainda que seja pequeníssima, é o suficiente para prolatação deum édito absolutório, com base no in dubio pro reo. Além disso, verifico que o acusado ficou preso preventivamente por quase 11 meses. Ainda que seja pouco provável que José Adriano não tenha praticado o delito em apuração, entendo que o período em que passou na prisão é o suficiente para que não reincida na conduta delitiva", escreveu o magistrado.
Em depoimento prestado ao juízo, o ex-motorista do aplicativo 99 disse que não era o proprietário da droga que foi encontrada em uma bolsa no banco de trás de seu veículo. De acordo com Lima, quando o veículo foi parado, os policiais chegaram perto de Tairiny , que estava no banco de trás, e ela saiu correndo do carro gritando 'já estava lá, já estava lá'. Ele afirma que a mulher colocou a bagagem no banco traseiro do carro e, por isso, durante o trajeto do Rio até Juiz de Fora, não examinou a mochila e não sabia o que continha dentro dela.
"Analisando detidamente todas as provas colhidas nos autos, não resta dúvida acerca da autoria delitiva de Tairiny Cristini. Inicialmente, verifica-se que a acusada solicitou a corrida pelo aplicativo 99 por celular diverso ao que estava portando no momento da abordagem. Além disso, a bolsa apreendida estava ao seu lado, no banco de trás do veículo, contendo apenas pertences femininos e um comprovante de recarga de celular no valor de R$ 20 cujo número era do telefone celular que era de sua propriedade. Nesse sentido, as provas são cristalinas e demonstram a prática do delito de tráfico de drogas por parte da acusada”, diz trecho da sentença. Procurada, a PRF de Minas Gerais informou que não irá se manifestar sobre o assunto. 
O ex-motorista já está de volta ao Rio de Janeiro. A filha dele, Lorena Zampolli, disse que, atualmente, Lima está em um processo de recuperação:
"Passar quase 11 meses preso por um crime que não cometeu não é fácil, tem todo um dano psicológico que tudo isso causou a ele e em toda a família, aos poucos ele vai voltando a rotina, ficamos extremamente felizes com a absolvição, não foi fácil passar por tudo isso, a passageira se manteve calada durante todo o processo, inclusive na sua oportunidade de prestar o depoimento ao juiz. Agora, é dar todo o suporte para que vida dele possa se restabelecer", comentou Lorena.
Ao lado da família, Lima está aliviado de sair da prisão. “Agora, estou bem graças a Deus. Demorou demais, já estava até sem esperanças. Mas graças a Deus foi uma decisão justa”, disse o ex-motorista.

Ao lado da família, Lima está aliviado de sair da prisão. "Agora, estou bem graças a Deus. Demorou demais, já estava até sem esperanças. Mas graças a Deus, foi uma decisão justa", disse o ex-motorista.