Diego foi preso em flagrante, após denúncia de venda irregular de joiasReprodução

Rio - Criminosos de Balneário Camboriú, no estado de Santa Catarina, que aplicavam golpes e se beneficiavam com estelionatos virtuais, foram presos em flagrante, nesta quarta-feira (11), no bairro do Leblon, na Zona Sul, e na Barra da Tijuca, na Zona Oeste. Angélica de Jesus Albercht, Diego Luiz Pereyra Ferreira, Fernanda Natalina dos Santos Lima e William Teixeira Chicorsky chegaram a arrecadar mais de R$ 1 milhão com os crimes. 
De acordo com a Polícia Civil, Diego e William passaram a ser monitorados após uma denúncia, realizada na tarde de ontem, de que a dupla estaria tentando vender joias irregularmente em lojas do Leblon. Os agentes conseguiram abordar o veículo dos criminosos e com eles foram encontradas peças de ouro. Os dois homens chegaram a oferecer R$ 150 mil aos agentes para não serem presos. Eles foram levados para a 14ª DP (Leblon). 

Segundo as investigações, o golpe aplicado por eles consiste na compra de dados bancários pela deep web - área da internet que não pode ser detectada facilmente pelas tradicionais ferramentas de busca - e com as informações, geravam links de pagamento falsos em que o dinheiro era destinado para contas de "laranjas" da quadrilha. Os criminosos receberam diversas transferências de R$ 100 mil, R$ 80 mil e R$ 30 mil, além de outros valores.

Com o dinheiro nas contas, eles realizam outras transações bancárias de pequena quantia, para dificultar o rastreamento, além da compra de artigos de luxo, carros, motos, Jet Skis e viagens. As investigações descobriram ainda que Diego e William haviam alugado dois apartamentos por temporada na Barra da Tijuca. Em um dos imóveis, os policiais encontraram Angélica e Fernanda, que também são de Santa Catarina. 

Apesar de saberem e serem beneficiadas pelo dinheiro dos golpes, elas não tinham participação ativa no crime. Nas redes sociais, Angélica costuma compartilhar fotos de viagens, restaurantes, passeios de barco e em shows de cantores como Kevinho e MC Mirela. Em um dos apartamentos, foram encontrados R$4,6 mil em espécie, dez celulares, um carro Audi Q3, avaliado em mais de R$ 240 mil, além de uma pistola 9 mm raspada, kit rajada, dois carregadores e 34 munições.

As duas mulheres também foram levadas para a delegacia, onde o caso foi registrado. Os quatro presos vão responder por estelionato, associação criminosa, corrupção ativa e posse de arma de fogo de uso restrito. Angélica, Diego, Fernanda e William foram encaminhados para o presídio José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte, onde vão ficar à disposição da Justiça.
"Os crimes vão se aprimorar cada vez mais com o avanço tecnológico. Cabe a nós, sociedade, nos educar e cabe às instituições financeiras da mesma forma que facilitam a abertura de contas e confecção de cartões, aprimorar a tecnologia também para a segurança dos nossos dados. Se hoje é fácil comprar dados na Deep Web, é porque pessoas alimentam com dados vazados. Não é preciso ser expert em internet para comprar dados. Enquanto as pessoas continuarem a comprar produtos da internet sem saber a origem, a tendência é esse tipo de crime aumentar. A vítima só toma conhecimento que foi vítima quando verifica que não pagou determinado boleto e até isso acontecer a quadrilha já trocou as contas", explicou a delegada titular da distrital, Daniela Terra.