Jaqueline Braga, 55, segura cuíca que era usada por seu esposo. Eles eram casados há cinco anosReginaldo Pimenta/Agência O Dia

Rio - A dor e a revolta marcaram a despedida de André Luiz Monteiro, 54, morto com tiro no pescoço durante assalto, no Cemitério de Irajá, na tarde deste domingo (29). Segundo a viúva, Jaqueline Braga Rabello, 55, que estava no carro junto com André quando os criminosos os emboscaram, ele não reagiu em momento nenhum, entregou os pertences e ainda assim foi morto. "Ele não merecia isso. Ele já tinha entregue o celular, o carro estava ali. A gente não impediu nada. Para que matar? Para que matar?", questionou a viúva. 
André e a esposa voltavam de uma comemoração, na madrugada de sexta-feira (27), e deixavam uma amiga para quem deram carona na Rua Caetano de Almeida, no Méier, quando bandidos os atacaram. Os criminosos fecharam o carro onde o casal estava, tomaram os pertences e, mesmo com os dois rendidos, dispararam. O tiro atingiu o pescoço de André, que morreu ainda no local.
Durante a cerimônia de despedida, Jaqueline falou sobre a dor da perda do marido e do desejo de que os bandidos sejam responsabilizados pelo crime cometido. "Espero que a polícia pegue esses bandidos que fizeram isso com ele. Que exista direitos humanos para o André e para a família dele. Que exista direitos humanos para os filhos dele que ficaram e para mim que ficou sem ele. Espero que a polícia pegue, que eles sejam presos. Que eles não matem mais ninguém. Que a gente possa sair no Rio de Janeiro. Que a gente possa ir e vir, só isso, mais nada", disse.

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Amigos de André carregam caixão durante velório do ritmista assassinado por criminosos em assalto no Méier Reginaldo Pimenta/Agência O Dia
Jaqueline Braga, 55, segura cuíca que era usada por seu esposo. Eles eram casados há cinco anos Reginaldo Pimenta/Agência O Dia
Jaqueline Braga, 55, segura cuíca que era usada por seu esposo Reginaldo Pimenta/Agência O Dia
Família e amigos dão último adeus a André Luiz durante enterro no Cemitério de Irajá Reginaldo Pimenta/Agência O Dia
Segurando a cuíca, que era instrumento tocado por André, a viúva comentou sobre a sensação de impotência causada pela violência da cidade. Ela lembra que eles estavam na porta de uma amiga, a poucos minutos de casa, quando tudo ocorreu. "A gente não estava no lugar errado. Não tem essa de lugar errado e hora errada. Ela estava na porta da casa dela. A gente não pode mais estar na nossa porta?", perguntou.
Durante o enterro da vítima, amigos e familiares também cantaram o hino do Vasco, clube do coração de André, e um enredo da Portela.
Segundo ela, investigadores da Delegacia de Homicídios da Capital (DH-Capital) que assumiram o caso acreditam que os responsáveis pelo disparo que tirou a vida de André já haviam praticado crimes utilizando o mesmo veículo, um Honda Fit Prata. 
"Parece que viram que esse carro já estava rondando em outros lugares. Tinham assaltado outras pessoas. Eles vão tentar rastrear esses telefones para localizar eles", contou Jaqueline. 
Em nota, a Delegacia de Homicídios (DH) informou que já ouviu os depoimentos da mulher e da amiga de Monteiro. Os investigadores também fizeram perícia no local do crime e no carro. As vítimas moram no Cachambi e eram casados há cinco anos.
André já havia sido ritmista da Portela e adorava Carnaval. Ele tocava cuíca e era conhecido pelos amigos como André da Cuíca. Alguns amigos da agremiação compareceram a despedida com seus instrumentos. 
*Colaborou Reginaldo Pimenta