Bruno Cabral, de 16 anos, teria sido envenenado pela madrastaDivulgação

Rio - A defesa de Cíntia Mariano Dias Cabral, de 49 anos, suspeita de envenenar dois enteados, contestou, nesta sexta-feira, o resultado do laudo pericial do estômago de Bruno Cabral, de 16 anos. Segundo os advogados Carlos Augusto Santos e Raphael Souza, a perita que assinou o documento fez uma sugestão durante a análise e conclui outro resultado. O laudo será usado pela 33ª DP (Realengo) para pedir prisão preventiva de Cíntia.
"A perita analisou o material e deu uma sugestão, mas perito não pode dar sugestão, perito tem que ser técnico, tem que trazer o motivo que esses grânulos seriam "chumbinho". Quais foram os métodos usados para ela trazer essa informação na perícia? Ela afirma que o laudo foi negativo. Não existe correlação do resultado dela com o resultado final do laudo. O laudo é taxativo, é claro", diz a defesa.
No laudo, a perita detectou a presença de quatro "grânulos esféricos", de tamanhos variados, com uma cor que varia entre azul escuro e preto, encontrados no estômago do jovem que pode ter sido envenenado pela madrasta. De acordo com a perícia, essa forma de apresentação pode sugerir a ingestão de um raticida comercializado clandestinamente, conhecido como "chumbinho".
Segundo a análise, não foi possível detectar a presença de inseticidas ou outras substâncias tóxicas no material analisado. "Mesmo com a presença de grânulos, um resultado negativo é possível devido a fatores como: tempo decorrido entre a ingestão do produto e a coleta do material para exame, dose utilizada e intervenções hospitalares realizadas, como a lavagem gástrica", diz um trecho do laudo.
Os advogados também criticaram a condução das investigações e afirmam que o caso "é o maior erro Judiciário do Rio de Janeiro". Eles rebateram a informação que a cliente teria acusado o filho de cometer o crime. "Mais uma hipótese de uma prisão ilegal e precipitada. Há uma espetacularização por parte policial, em momento nenhum chegou para gente que ela estava acusando o seu filho. Cíntia quando chegou na delegacia reservou o direito de ficar em silêncio", ressaltou o advogado Carlos Augusto Santos.
Delegado vai pedir prisão preventiva de madrasta
O delegado Flávio Rodrigues, titular da 33ª DP (Realengo), informou nesta quinta-feira (2) que vai pedir a prisão preventiva de Cíntia. A Polícia Civil também investiga se a irmã de Bruno, Fernanda Cabral, 22 anos, que morreu no dia 28 de março, um ex-namorado e uma vizinha também foram vítimas da madrasta. Até a tarde desta sexta-feira, não houve pedido de conversão de prisão da acusada no Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ).
De acordo com o delegado, o pedido de prisão preventiva será baseado no laudo do Instituto Médico Legal (IML) que apontou a presença de quatro "grânulos esféricos", com uma cor que varia entre azul escuro e preto, no corpo do estudante Bruno. De acordo com a perícia, essa forma de apresentação pode sugerir a ingestão de um produto comercializado clandestinamente como raticida, conhecido como chumbinho. 
Cintia está presa temporariamente no Complexo de Bangu, no Rio. No entanto, se a decisão da Polícia Civil for confirmada, ela permanecerá presa até o fim do julgamento e não mais com prazo pré-determinado.