Rio - O Conselho de Ética da Câmara Municipal do Rio de Janeiro ouviu, nesta sexta-feira, duas testemunhas convocadas pela defesa do vereador Gabriel Monteiro no processo ético-disciplinar que apura quebra de decoro parlamentar. De acordo com os membros do Conselho, os depoimentos foram "ricos para a apuração dos fatos", mas também foram marcados por muitas contradições. O primeiro a depor foi o ex-assessor de Monteiro, Fabio Felix Ferreira. Ele iniciou às 11h e falou por quase duas horas.
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O empresário Pedro Rafael da Silva Sorrilha também era aguardado pelo Conselho, mas não compareceu. A data do depoimento foi remarcada para a próxima terça-feira (7). Ele é acusado por Gabriel de forjar provas contra ele.
"Nós vimos muitas contradições no decorrer dos depoimentos, afirmando algo e depois trazendo uma outra situação", analisou Alexandre Isquierdo, integrante do Conselho. Os membros também reforçaram que, até o momento, o depoimento mais importante foi do ex-assessor Vinícius Hayden Witeze, que morreu em um acidente de carro no último dia 28. Em suas declarações, ele afirmou que ficava responsável por fazer todo o acompanhamento de vereadores a mando de Monteiro.
Além do empresário Rafael da Silva, também serão ouvidos na próxima terça-feira (7) Rafael Murmura Ângelo, Bruno Novaes Assumpção e Leandro Lima. Na quinta-feira (9) o Conselho vai ouvir Miqueias da Silva Felix Arsênio e Pablo Batista Foligno.
Nesta etapa do processo, a defesa técnica do vereador pode fazer perguntas aos depoentes, mas sem a presença de Gabriel Monteiro, a fim de evitar constrangimento às testemunhas.
Segurança reforçada para membros do Conselho
Após as ameaças pela internet, o Conselho solicitou uma varredura em todos os gabinetes e celulares dos membros envolvidos no processo contra o vereador. Carros blindados e reforço na segurança também foram pedidos. Segundo Alexandre Isquierdo, esta medida é apenas uma ação preventiva e, caso as ameaças se tornem mais contundentes, a Polícia Civil será acionada.
"Esta casa vem de um trauma grande, que foi a morte da vereadora Marielle Franco. Todo cuidado é pouco", disse Rosa Fernandes. Na quinta-feira, um texto no Facebook da vereadora Teresa Bergher em que relatava perplexidade diante dos depoimentos das vítimas sobre assédio sexual recebeu mais de 2,3 mil comentários - a grande maioria de seguidores fanáticos de Gabriel Monteiro.
"Vivemos tempos difíceis, de ódio, fanatismo e total descontrole. Todo cuidado é pouco, mas não tenho medo, porque a impressão que tenho é de que os comentários partiram de robôs, pois aconteceram simultaneamente. Isso não me intimida. Estou em paz para fazer o meu trabalho", disse Teresa.
"Nesses tempos de fanatismo, os fãs matam, o ódio desqualifica", disse o relator do processo contra monteiro, Chico Alencar. "A morte do Vinícius também precisa ser melhor investigada. A investigação tem que ser aprofundada, diante do que temos visto nas redes antissociais. Coisas absurdas como 'foi a mão de Deus, o castigo vem para quem ofende os escolhidos'", contou Chico.
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