Segunda testemunha de defesa Natachi Mendonça. Caso Gabriel MonteiroSandro Vox/Agência O Dia

Rio - O Conselho de Ética da Câmara Municipal do Rio de Janeiro ouviu, nesta sexta-feira, duas testemunhas convocadas pela defesa do vereador Gabriel Monteiro no processo ético-disciplinar que apura quebra de decoro parlamentar. De acordo com os membros do Conselho, os depoimentos foram "ricos para a apuração dos fatos", mas também foram marcados por muitas contradições. O primeiro a depor foi o ex-assessor de Monteiro, Fabio Felix Ferreira. Ele iniciou às 11h e falou por quase duas horas. 
O empresário Pedro Rafael da Silva Sorrilha também era aguardado pelo Conselho, mas não compareceu. A data do depoimento foi remarcada para a próxima terça-feira (7). Ele é acusado por Gabriel de forjar provas contra ele.
A segunda testemunha ouvida na Câmara foi Natachi Mendonça da Silva, mãe de uma menor de idade que aparece em um dos vídeos do youtuber, comendo um lanche com ele. Natachi disse em depoimento que acompanhou toda a filmagem e edição e que aprovou o conteúdo. Ela também tirou dúvidas dos relatores do caso.
"Nós vimos muitas contradições no decorrer dos depoimentos, afirmando algo e depois trazendo uma outra situação", analisou Alexandre Isquierdo, integrante do Conselho. Os membros também reforçaram que, até o momento, o depoimento mais importante foi do ex-assessor Vinícius Hayden Witeze, que morreu em um acidente de carro no último dia 28. Em suas declarações, ele afirmou que ficava responsável por fazer todo o acompanhamento de vereadores a mando de Monteiro. 
Além do empresário Rafael da Silva, também serão ouvidos na próxima terça-feira (7) Rafael Murmura Ângelo, Bruno Novaes Assumpção e Leandro Lima. Na quinta-feira (9) o Conselho vai ouvir Miqueias da Silva Felix Arsênio e Pablo Batista Foligno.

Nesta etapa do processo, a defesa técnica do vereador pode fazer perguntas aos depoentes, mas sem a presença de Gabriel Monteiro, a fim de evitar constrangimento às testemunhas.
Segurança reforçada para membros do Conselho
Após as ameaças pela internet, o Conselho solicitou uma varredura em todos os gabinetes e celulares dos membros envolvidos no processo contra o vereador. Carros blindados e reforço na segurança também foram pedidos. Segundo Alexandre Isquierdo, esta medida é apenas uma ação preventiva e, caso as ameaças se tornem mais contundentes, a Polícia Civil será acionada. 
 
"Esta casa vem de um trauma grande, que foi a morte da vereadora Marielle Franco. Todo cuidado é pouco", disse Rosa Fernandes. Na quinta-feira, um texto no Facebook da vereadora Teresa Bergher em que relatava perplexidade diante dos depoimentos das vítimas sobre assédio sexual recebeu mais de 2,3 mil comentários - a grande maioria de seguidores fanáticos de Gabriel Monteiro.
"Vivemos tempos difíceis, de ódio, fanatismo e total descontrole. Todo cuidado é pouco, mas não tenho medo, porque a impressão que tenho é de que os comentários partiram de robôs, pois aconteceram simultaneamente. Isso não me intimida. Estou em paz para fazer o meu trabalho", disse Teresa.
"Nesses tempos de fanatismo, os fãs matam, o ódio desqualifica", disse o relator do processo contra monteiro, Chico Alencar. "A morte do Vinícius também precisa ser melhor investigada. A investigação tem que ser aprofundada, diante do que temos visto nas redes antissociais. Coisas absurdas como 'foi a mão de Deus, o castigo vem para quem ofende os escolhidos'", contou Chico.