ônibus da linha 201 durante trajetoReginaldo Pimenta/Agência O Dia
Alguns passageiros dizem, inclusive, que algumas das linhas divulgadas pela Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) como sendo um das que voltariam a rodar, na verdade nunca pararam, mas diminuíram a quantidade de coletivos e horários. É o caso da linha 201, que faz o trajeto Santa Alexandrina-Castelo. De acordo com um usuário, que preferiu não se identificar, a rota teria sido reduzida para dois ônibus.
"É um ônibus que frequentemente tinha seis ou sete ônibus rodando no dia, hoje rodam dois. Isso dificulta muito a comunidade, que precisa ir para o Centro da cidade, que precisa ir até mesmo para a nossa praça mais próxima, está muito difícil", disse. Ainda de acordo com ele, o caminho da praça do Rio Comprido até o local, a pé, leva em média 20 minutos.
"Ficar sem o ônibus prejudica e muito porque a praça, ir andando para um adulto é 20 minutos. Com uma criança, a gente dobra esse tempo, para um idoso é pior ainda. Está complicado demais essas empresas de ônibus. Para quem entende, depois que o prefeito entrou está tendo uma mudança. A gente vê que não é só aqui (a falta de ônibus), em vários bairros também está desse jeito", afirmou.
No ponto final do coletivo, localizado na Rua Santa Alexandrina, no Rio Comprido, na Zona Norte, outros usuários também relataram inúmeras dificuldades para conseguir descer a rua e chegar a outros destinos devido a falta de coletivos e a distância entre pontos onde podem ter acesso a outras linhas.
Na Rua Araújo Porto Alegre, no Centro do Rio, que faz parte da rota do 201, o intervalo entre um ônibus e outro chegou a 20 minutos nesta segunda.
A administradora Helen Assis, de 51 anos, trabalha em uma clínica de repouso na rua do ponto final do 201, disse que muitas das funcionárias do local relatam diariamente as dificuldades para conseguir utilizar o coletivo, principalmente aos finais de semana.
"Eu trabalho na clínica de idosos aqui na Santa Alexandrina, onde a gente tem as funcionárias de limpeza e enfermagem que utilizam a linha 201 e o que elas tem me passado é que o ônibus está super precário. Não passa nos horários, eles ficam no ponto, principalmente final de semana, quando é um ônibus só que vai até o Centro da cidade e elas tem que esperar voltar pra poder pegar. E que não era assim, né? Ficou precário para quem precisa trabalhar não ter esse tipo de condução. Hoje é a única condução que passa aqui nessa rua e não tem direito", contou.
A reclamação também é feita por José de Assis de Oliveira, de 52 anos, morador da região: "Essa linha tem dia que é um problema pra pegar. Essa hora (de manhã), se eu for esperar aqui, vou ficar mais ou menos uma hora, hora de almoço também é a mesma coisa. À noite é um problema, depois das sete, às vezes a gente acaba pegando um carro de aplicativo".
De acordo com a SMTR, a linha 201 estava com a operação irregular, ou seja, muito abaixo do determinado para conseguir atender a população, com cerca de menos de 30% da rota ativa. Com a retomada, a situação foi regularizada nesta segunda-feira.
A Rio Ônibus informou que os consórcios filiados e eles vêm cumprindo integralmente o acordo firmado com a Prefeitura do Rio, o MP-RJ e o Poder Judiciário. As empresas estão atuando de modo a que todas as cláusulas sejam cumpridas e no menor prazo possível. O Rio Ônibus mantém contato permanente e direto com a SMTR, para que os devidos ajustes no cronograma de ações sejam realizados de maneira planejada e organizada.
Confira as linhas que voltaram nesta segunda:
Consórcio Santa Cruz
892 - São Benedito-Santa Cruz
851 - Campo Grande-Escola Amazonas
Consórcio Internorte
665 SVA - Pavuna-Saens Peña
Consórcio Transcarioca
817 - Piabas-Terminal Recreio
Consórcio Intersul
201 - Santa Alexandrina-Castelo
448 - Maracaí-São Conrado
Plano operacional da Prefeitura do Rio
A SMTR estabeleceu um plano operacional para regularizar de forma gradual o retorno de linhas prioritárias para atender todas as regiões da cidade em um prazo de sete meses. Desde o dia 1º de junho, quando começou a vigorar o acordo, 17 linhas voltaram a realizar seus itinerários.
O calendário com os demais retornos será divulgado gradativamente pela SMTR, de acordo com o planejamento, priorizando as áreas que estão mais desatendidas.
Conforme estabelecido no acordo firmado entre a Prefeitura do Rio, o Ministério Público e os consórcios de ônibus, a SMTR vai verificar a prestação do serviço por número de viagens realizadas e quilometragem cumprida de acordo com a rede, por meio de GPS. As linhas que não cumprirem a quilometragem mínima exigida (80% do total) não receberão o pagamento de subsídio, conforme previsto em cláusula do acordo judicial.
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