Emerson Lopes Bucker Martins, de 30 anos, era conhecido por se vestir de super-heróis em São GonçaloReprodução/Redes sociais

Rio - A família dos idosos Antônio Ribeiro Bucker Martins e Maria de Fátima Lopes Santos, mortos a marretadas dentro de casa, está desolada com o crime brutal. A filha das vítimas, Daiana Rangel, esteve na manhã desta terça-feira (5) no Instituto Médico Legal (IML) de Tribobó, em São Gonçalo, para liberar os corpos. Segundo ela, Emerson Lopes Bucker Martins, 30 anos, seu irmão e também filho das vítimas, teria surtado após receber a ligação da ex-mulher na noite de domingo (3).
A Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG) investiga o crime. Emerson deu entrada às 11h30 desta terça-feira no Presídio José Frederico Marques, em Benfica, e vai passar por audiência de custódia na quarta (6).
O casamento acabou há um ano, depois que Emerson descobriu que o filho de sua mulher não era dele. A companheira', então, pediu a separação e começou um outro relacionamento. Segundo Daiana, foi o divórcio que fez o irmão surtar. Ela diz que no último ano Emerson foi internado duas vezes. "Ele já saiu pelado de casa, teve outros surtos, mas estava tomando todos os remédios. Porém, como se trata de pessoas humildes, ele não ficou muito tempo internado na clínica", afirma.

Daiana recebeu a informação de que Emerson recebeu uma ligação da ex-mulher, que lhe pediu dinheiro e avisou que o filho estava internado com covid-19. "Ele deve ter pedido dinheiro para os meus pais para ajudar essa moça e eles devem ter negado. O sonho do meu irmão era voltar para ela, ele ainda é apaixonado e não aceita que o filho não seja dele. A gente acha que é isso, queremos entender o que aconteceu dentro da casa para ele ter matado meu pai e minha mãe, ela era muito dócil…", disse Daiana.
O irmão mais velho de Emerson, Carlos Augusto Santos, 43 anos, também esteve no IML para liberar os corpos dos pais. Ele afirma que o irmão nunca teve envolvimento com drogas e nem bebidas. "Ele nunca botou um copo de cerveja na boca. O que desencadeou isso foi que ele não estava tomando os remédios certinho. Mas não foi nada em função de drogas, chegou um momento que não dava nem para ficar perto dele. O Emerson não tinha maldade nenhuma, arriscado fazer um serviço e nem querer receber o dinheiro", revelou.
Carlos também explica que a irmã Daiana está tentando a internação de Emerson. "Eu sei que ela marcou uma consulta com um psiquiatra hoje (terça) ou amanhã, mas não conseguiu realizar o atendimento ainda", diz.  

Emerson foi encontrado com os pés e roupas ensanguentadas a poucos metros do local do crime. Ele também estava com R$ 4.200 em dinheiro, um celular, documentos da Previdência Social e cartões de banco de uma das vítimas.
"Desde que saiu da clínica ele estava sendo cuidado pelos meus pais, que moram em uma casa simples. De vez em quando tinha surtos porque ficava sem tomar os remédios, mas nunca imaginamos que ele pudesse fazer isso", afirmou Carlos.

Uma vida de agressões

Daiana lembra que a mãe passou os anos da vida de casada sendo agredida pelo marido Antônio e que foi morta da mesma maneira, pelo próprio filho. "Durante toda a minha infância eu vi minha mãe sendo agredida pelo meu pai. Via ela sangrando por causa das agressões e aí chega no fim da vida e o filho mata ela com marretadas. E matou meu pai também", disse.

O casal de idosos deixa seis filhos e netos. O sepultamento deles será às 16h desta terça-feira, no Cemitério Parque da Paz, no bairro Pacheco, em São Gonçalo.

Perfil trabalhador e dócil

Assim como os vizinhos relataram, a irmã também reforçou o perfil dócil e trabalhador do suspeito. "Ele sempre foi trabalhador, sério, quietinho, sorridente, alegre, amigo de todo mundo. Só que com essa separação que ele começou a ter os surtos", diz a irmã.
De acordo com o relato de um colega de escola, Emerson era um bom menino e de boa índole. "Estudei com esse menino. Eu tinha 16, e ele, 18. Sempre foi um cara de boa índole, tirou carteira de motorista pra ajudar o pessoal da igreja. Pelo menos há dez anos ele não fumava", disse.
Emerson ganhava a vida levando alegria para os moradores de São Gonçalo e era muito conhecido na região por sair às ruas e ir a eventos vestido de super-herói, como o Homem-Aranha e o Capitão América. Além de se vestir à caráter, Emerson, ao lado do irmão, tem uma empresa de eventos, na qual aluga brinquedos, cadeiras e faz apresentações de super-heróis.
*Colaborou Marcos Porto