Depoimento na 64 DP, de médicos e vítimas do anestesista do Hospital da Mulher Na foto, vítima do anestesistaSandro Vox / Agência O Dia

Rio - Uma outra paciente que foi sedada pelo médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra compareceu na manhã desta terça-feira para depor na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Naiane Guedes de Oliveira, de 30 anos, disse ter estranhado o procedimento adotado por Giovanni durante a cesárea realizada no dia 5 de junho, em um hospital de Mesquita. A mulher, que autorizou ter o nome e a foto divulgada, disse que ficou completamente sedada.
Na entrada da delegacia ela contou que a única coisa que se recordava durante a cirurgia era a voz do anestesista falando em tom baixo ao seu ouvido. "Ele ficava me perguntando se eu estava me sentido bem, isso me incomodou bastante. Depois que meu esposo saiu da sala eu reclamei de uma dor muito forte na nuca e ele me falou que isso era normal e que ele teria que me sedar", lembra ela que já havia passado por outras duas cesáreas e em nenhum dos procedimentos precisou receber anestesia geral.
Naiane diz que decidiu ir à delegacia depois que viu as notícias sobre Giovanni nos jornais. "Depois que vi as imagens eu me desesperei. Foi horrível, eu passei mal, chorei. A gente está em um momento especial, confiando nossa vida para aquele profissional e estamos sujeito a isso. Ele tinha tanta certeza da impunidade que fazia a poucos metros da equipe médica. Apenas um pano! Ele não acreditava que fosse ser pego", desabafa a paciente.
A mulher diz que não pode confirmar se foi, de fato, estuprada por ele, mas garante que recebeu uma forte dose de sedativo. "Eu fiquei inconsciente e quando acordei não vi nada de diferente, mas a sedação fora do normal eu posso garantir que aconteceu". Ela ainda deixou um recado para outras mulheres que foram vítimas do criminoso. "Quero falar para as mulheres que foram atendidas por ele para denunciar. É importante a polícia investigar", afirma.
Uma outra paciente também prestou depoimento na manhã desta terça-feira. Ela disse que recebeu um sedativo e na ocasião chegou a fazer perguntas para o anestesista, que a tranquilizou. "Após a medicação eu apaguei e lembro muito vago passando ao lado da maca e limpando as mãos ou tirando as luvas, ou algo do tipo", lembra ela.
"Passa um filme na minha cabeça, será que ele conseguiu fazer alguma coisa?", disse angustiada. Além das duas pacientes, outros quatro profissionais compareceram nesta manhã para depor. 
Mais uma suposta vítima do médico faz denúncia
Uma outra vítima compareceu de forma espontânea na 64ª DP para denunciar a conduta do médico durante o parto. Bastante nervosa, a paciente disse que foi atendida pelo anestesista e retornou para o quarto depois do parto com "casquinhas brancas e secas" no rosto. A mulher estava grávida de gêmeos e teve o primeiro filho de parto normal no fim da noite do dia 5 de julho. Cerca de 50 minutos depois, já na madrugada do dia 6 de julho, ela passou por uma cesárea, mas o bebê não resistiu e morreu. Os nomes dos envolvidos serão preservados.
Nesta terça-feira, a mulher recebeu o DIA em casa e voltou a lembrar dos momentos ao lado de Giovanni durante o parto. "Não consegui olhar meu filho, pegar meu filho porque estava dopada por esse monstro. Ele me acalmava o tempo todo, eu não queria dormir, queria ver meu filho nascer, mas eu não conseguia eu dormia", disse ela estarrecida com o fato.
A mãe da mulher também disse ter estranhado o estado da filha. "Chegou a hora do almoço e ela não conseguia segurar a comida, ia até comunicar os médicos. Ele deu uma dosagem a mais nela, tenho certeza", desabafou.
Médicos, enfermeiros e outros profissionais do Hospital da Mulher em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, que trabalhavam na mesma equipe do médico anestesista são esperados para depor na 64ª DP (São João de Meriti), nesta terça-feira.
Giovanni está preso em um presídio em Benfica, na Zona Norte do Rio, e pode ser expulso pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) nos próximos dias. A audiência de custódia do médico acontece na tarde de hoje (12).
*Colaborou: Reginaldo Pimenta