Mesmo que você tenha visto o vídeo com as piores partes cortadas ou borradas, você sentiu o que eu senti…
De alguma forma, todas nós, mulheres, fomos violentadas pelo estuprador que se passava por anestesista.
Eu, pela força da profissão, vi o vídeo na íntegra… Dez minutos de estupro, no momento mais vulnerável que uma mulher pode ter.
Ânsia, dor na barriga, nojo, revolta… Todos os sentimentos num só. Mas principalmente, vulnerável. Há muito tempo eu não me sentia tão vulnerável por ser mulher, mesmo noticiando todos os tipos de barbárie contra as mulheres, como faço e luto diariamente contra isso.
Sem direito de defesa, completamente anestesiada, aquela mulher sendo usada enquanto paria seu próprio filho é uma das coisas mais absurdas que eu já vi em mais de 20 anos de jornalismo.
Não há parâmetros, adjetivos, qualquer palavrão que possa ser proferido, para tentar de alguma forma externar o sentimento que a gente tem ao ver aquela imagem.
Mas o abuso, separado apenas por um lençol da outra equipe médica, escancara e descobre algo muito mais grave: a violência sofrida por todas essas mulheres, vítimas do algoz maior.
Primeiro de tudo, não houve respeito à lei. Se vocês não sabem, toda mulher, seja no sistema público ou particular, tem direito a um parente dentro da sala de cirurgia. Por que ele ficava sozinho com elas? Por que a falta de cumprimento de uma lei facilitou tanto a ação desse nojento?
Mulheres salvas por uma rede de mulheres. Primeiro, a desconfiança e sagacidade das enfermeiras, mesmo diante de uma hierarquia dentro de um sistema de saúde, não se calaram! Fizeram de forma calculista o caçador virar a caça.
Depois, a força de uma equipe liderada por uma mulher que fez a prisão no local mais humilhante que ele poderia ter: o local onde ele se achava rei e era chamado de doutor.
Não existe lugar, hora, status, pronome de excelência que livre qualquer mulher de sofrer assédio, abuso, estupro. A única arma que a gente tem é se unir e contar com quem quiser entrar nessa luta.
E denunciar, dar a cara. É óbvio que ninguém vai forçar a vítima a se expor, mas elas têm que entender que não é exposição, mas prestação de serviço pra todas nós.
É mais do que isso, é dar voz e mostrar que quem tem que ter vergonha são eles, é ele, o "doutor". Nunca elas, as vítimas dessa história sórdida e tão cruel.
 
Pingo no I

Passageiros do BRT enfrentam mais um dia de caosIsabele Benito

É só mais um registro, entre tantos que a gente já publicou por aqui… Mais um dia de caos para o trabalhador que depende do BRT na cidade.

E não foi ninguém que me contou, eu vi pela janela do carro, bem ali na Ayrton Senna, próximo ao aeroporto de Jacarepaguá…

Quase sete da noite e o povo, cansado da ralação do dia, no meio da pista, tendo que esperar um outro ônibus porque o que eles estavam quebrou.

É pra revoltar qualquer um!

Enche o saco falar toda hora da mesma coisa, mas a realidade do povo que sofre todo santo dia é essa… Esculhambação que não acaba mais!
Tá renascendo!
Lembram daquele incêndio gigante num depósito de gás lá no Gramacho, em Caxias? Isso faz oito meses e o fogo causou muitos prejuízos às casas da Rua Saquarema.
Mas agora, devagarinho, mesmo com o trauma, os moradores de lá começam a se reerguer e levar a vida normal que tinham… No fim de semana, eles se uniram e preparam a festa junina que fazem todo ano. Teve bandeirinha, brinquedo, tudo que um arraiá daqueles merece!
"São momentos de terror que ninguém nunca vai esquecer, mas depois que o depósito fechou, a gente voltou a dormir em paz", afirma a moradora Andressa Barros.
Agora, eles já estão até pensando na decoração da rua para a Copa do Mundo! Alô, Alzirão, abre teu olho! (O recado é deles, hein!!)
Bom demais ver a alegria e os olhos do povo brilhando novamente…
Por isso, se você me perguntou se tá feio ou tá bonito… A união faz a gente enfrentar qualquer dificuldade, e tenho dito!