Exposição destaca a força da religiosidade no bairro de MadureiraDivulgação / Edu Monteiro

Rio - Considerado um dos maiores celeiros culturais do Rio, o bairro de Madureira, na Zona Norte, é o tema de uma grande exposição que ficará em cartaz até o dia 6 de novembro, no Sesc Madureira. A mostra, que será inaugurada neste sábado (6), conta como imagens e esculturas do artista plástico e fotógrafo Edu Monteiro. A curadoria é do escritor e professor do Instituto de Artes da UERJ, Maurício Barros de Castro.
Durante um ano, Edu fotografou, em Madureira, rodas de samba, quintais, feiras, além de manifestações religiosas nos terreiros de matriz africana, registrando pessoas, comidas típicas, instrumentos, objetos de culto e rituais. Algumas dessas imagens foram integradas ao livro "Quintais do Samba da Grande Madureira", mas há todo um trabalho inédito, que estará à mostra no Sesc. A exposiçao se chama "Madureira em Transe". 
“Impressas em couro, as imagens ganham uma materialidade diferente e estabelecem um diálogo definitivo com o tambor, instrumento essencial nas manifestações afro-diaspóricas”, explica Edu.
Os visitantes terão ainda acesso a uma programação paralela nos meses de exposição. O público poderá tocar os três tambores do culto aos orixás, chamados rum, rumpi e lé, e na cadência das batidas, imagens serão projetadas em uma tela diante delas.
A instalação, intitulada Trindade, é um trabalho em colaboração de Edu com o ogã Anderson Vilmar e Bernardo Marques-Batista, que desenvolveu o suporte tecnológico e que também assina a assistência de curadoria.
A exibição irá mostrar também grandes fotografias do bairro impressas em tecidos, que ficarão na entrada do Sesc. “É como um convite para que entrem no espaço da mostra, iniciando assim a transição, o transe, que também marca os rituais de origem afro-diaspórica”, completa Edu.
De acordo com Maurício Barros de Castro, a ancestralidade africana fez de Madureira um bairro protagonista na formação cultural do Rio. “Madureira é um bairro fundamental para afirmação da herança africana no Rio de Janeiro, além de celebrar os quintais, feiras e terreiros como alicerces de sua comunidade. Portanto, se coloca como um território onde o transe pode ser pensado de forma expandida, evocando ambientes do sagrado e do profano, remetendo a uma cultura sempre em movimento e, ao mesmo tempo, vinculada à sua ancestralidade”, analisa.
Berço de escolas de samba como Império Serrano e Portela, Madureira também é palco de manifestações como jongo, charme e funk. No principal viaduto do bairro, o Negrão de Lima, acontece há décadas o baile charme mais tradicional da cidade.
Gratuita, a exposição "Madureira em Transe" ficará no Sesc Madureira, localizado na Rua Ewbank da Câmara, 90, Madureira. A visitação ficará aberta ao público de terça a sexta, das 10h às 20h, e aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h. A classificação etária é livre.