Cantina das Concertinas seguirá com programação normal e irá homenagear seu dono, Carlos Cadavez, que faleceu no último mês, nas próximas semanasDivulgação

Rio - A família do comerciante Carlos Cadavez, que morreu mês passado aos 75 anos, criador do bolinho de bacalhau mais famoso do Cadeg, disse que vai continuar com os festivais portugueses aos sábados. Antes de falecer, o dono do tradicional restaurante do mercado, Cantinho das Concertinas, chegou a comprar toalhas para a Copa do Mundo e novos enfeites para decorar o estabelecimento. Segundo familiares, tudo será mantido da forma como era, sem alterações.

"A receita do bolinho de bacalhau era dele, mas ele já não fazia há pelo menos 10 anos. Nossa equipe de cozinha continua a mesma e seguirá assim. Vamos continuar entregando a alegria que ele sempre teve", disse o genro João Vieira, genro de Carlos. "A gente está sentindo muito a falta dele, principalmente da felicidade que ele exalava. Mesmo com problemas de saúde ele fazia questão de estar para cima", completou.

De acordo com familiares e frequentadores, o restaurante de Seu Carlos sempre foi um lugar alto astral. "As pessoas se divertiram muito aqui e vão continuar se divertindo porque daremos continuidade, deixaremos o legado dele aqui", comentou João, que disse que Carlos, antes de falecer, fez uma viagem para Portugal e comprou muitas coisas, como novos enfeites e toalhas para a Copa do Mundo, para colocar no bar. "Já estamos com dois armários prontos para inaugurar nas próximas semanas. Ele já estava planejando tudo, essas toalhas iam servir de decoração para a Copa do Mundo, como costume", acrescentou João.

Os jogos da Copa do Mundo irão passar no restaurante, como de costume. "Recebemos muitos portugueses aqui, sempre fica cheio. Vamos manter a tradição e decorar da forma que seu Carlos pensou", explicou João.

Segundo o diretor social do Cadeg, André Luiz Lobo, seu Carlos sempre foi muito querido por todos. "Ele era o baluarte do Cadeg, o mais conhecido aqui. Ele começou com a festa portuguesa em uma época que o Cadeg era outro, totalmente diferente, não era a referência gastronômica que é hoje", disse. "A festa cresceu e se tornou um grande encontro para a colônia portuguesa, até hoje continua. O restaurante dele é um ponto turístico, não dá para vir no Cadeg e não comer o bolinho de bacalhau deles", completou.

André afirmou que Carlos já não estava indo com tanta frequência ao restaurante como de costume por causa de sua doença. "A passagem dele está sendo sentida por todos, mas o que nos conforta é que a energia dele continua por aqui, quem quiser um dia conhecer, não vai se arrepender", finalizou.

Uma homenagem para Carlos Cadavez está sendo programada para os próximos dias, com direito a sanfoneiros portugueses e muito alto astral.
O amor por Portugal e pelo Vasco
O empresário também era torcedor do Vasco da Gama e do Futebol Clube do Porto, de Portugal. Suas maiores paixões, no entanto, além do restaurante, eram sua neta e a terra natal. 

Carlos tinha a mesma rotina todas as semanas: chegava ao Cadeg ainda nas primeiras horas de sábado, aprontava o bacalhau e iniciava os preparativos da festa, que começa ao meio-dia. Às 13h, os músicos sobem ao palco com as tradicionais concertinas e dão o tom da celebração, animando as tardes com músicas tipicamente portuguesas e muito bolinho de bacalhau. Ainda que improvisada, a pista de dança está sempre lotada.

A história e o patrimônio de Cadavez são reconhecidos por diversos guias especializados em turismo gastronômico, que frequentemente recomendam aos turistas que visitam o Rio uma ida ao Cantinho para saborear os pratos portugueses.