Estação NET Rio Botafogo pode ser despejado do imóvel por falta de pagamento de aluguelDivulgação

Rio - A batalha jurídica de empresas de cinema ganha contornos de novela. Na próxima quarta-feira (19), a disputa entre os grupos Severiano Ribeiro (GSR) e Estação pelo imóvel da Rua Voluntários da Pátria 35, em Botafogo, Zona Sul do Rio, onde hoje abriga o Estação NET Rio, terá mais um capítulo. Temendo o despejo pela Justiça por falta de pagamento do aluguel, o grupo Estação convocou ato por permanência e afirmou estar disposto a negociar.
Nas redes sociais, a Estação Net de Cinema convocou cineastas, artistas, cinéfilos e amigos para um ato simbólico na terça-feira (18), um dia antes da decisão da Justiça. Também estão colhendo assinaturas para um abaixo-assinado. O grupo Estação administra alguns dos mais famosos e remanescentes cinemas de rua da cidade.
A diretora do Grupo Estação, Adriana Rattes, reafirmou o convite para o ato em um vídeo publicado nas redes sociais. Ela enfatizou que o Circuito está disposto a conversar e chegar a um acordo junto ao locador para sanar qualquer dívida. Segundo Adriana, "o Estação quer continuar alegrando a cidade com mais mostras, exposições, peças, shows, filmes, festivais, festas e muito mais" e disse torcer para que a aderência ao ato sensibilize o Grupo Severiano Ribeiro de voltar atrás em relação ao processo de despejo.
A ação foi iniciada pelo GSR em dezembro de 2020, sob alegação de o Estação não pagar aluguéis a partir de março do mesmo ano, mês em que se iniciou a pandemia da Covid-19 e todos os cinemas tiveram que fechar as portas. A dívida do Estação seria, no momento inicial da ação, de cerca de R$ 860 mil.
O desentendimento entre os dois lados, no entanto, não começou durante a pandemia com a ação de despejo movida pelo Grupo Severiano. O contrato de aluguel era renovado a cada cinco anos, com um preço mínimo mensal mais participações na bilheteria e nas receitas do café. Em 2019, o GSR pediu um valor mensal mais alto, que o Estação considerou acima do praticado no mercado. A discussão foi judicializada, e foi determinado um aluguel provisório, maior do que era pago antes, mas menor do que o pretendido pelo GSR, até que houvesse uma solução. Era esse o valor que o Estação vinha depositando antes do início da pandemia.
Em novembro de 2021, após mobilização contra o despejo do Estação, a prefeitura oficializou o tombamento do imóvel e da atividade do local para uso exclusivo como sala de exibição, o que é desde 1944, quando foi inaugurado o Cinema Star pelo antigo Circuito Vital Ramos de Castro. A medida veio do temor que, retomada a posse pelo GSR, o local pudesse ser vendido para uma construtora e virasse um prédio residencial, fazendo com que o bairro perdesse um importante centro cultural.
Procurado pela reportagem, o Grupo Severiano Ribeiro disse não comentar assuntos que já estão sendo tratados pela Justiça.