Rio - A Polícia Militar instaurou um procedimento apuratório para investigar os supostos responsáveis pela morte do adolescente Carlos Kaik, de 17 anos. A comerciante Kelly Medeiros afirma que o filho foi morto por policiais militares em Queimados, na Baixada Fluminense.
De acordo com a mãe, Carlos estava sob custódia quando os agentes o mataram com um tiro de fuzil no pescoço. O caso aconteceu no final de abril deste ano.
"Meu filho estudava no horário da manhã, chegava em casa ao meio-dia. No período da tarde, de 15h às 22h, trabalhava comigo na padaria. Ele tinha um amigo em um morro aqui perto. Esse amigo chamou meu filho e meu filho foi. Chegando lá, ele estava com um pente e meu filho com nada. Teve uma abordagem dos policiais e prenderam três", conta.
Um vídeo gravado por testemunhas mostra Carlos algemado próximo a uma escada na Estrada Carlos Sampaio. Segundo Kelly, os policiais levaram um outro preso, de 22 anos, para o alto do morro. Lá, teriam agredido o jovem e cobrado uma propina de R$ 5 mil para que ele fosse liberado. O pai dele teria pagado, deixando a culpa pelo porte da munição para o adolescente.
"Pediram R$ 5 mil para o pai do menino e mais R$ 5 mil pelo meu filho, mas não chegou a tempo para mim. Só fui saber quando chegou o vídeo, por volta das 19h. O menino relata que fizeram ele jogar tudo para cima do meu filho e o soltaram por causa da propina", relata.
Comerciante afirma que filho estava sob custódia e foi morto por policiais militares na Baixada Fluminense.#ODia
O jovem liberado relata que, em seguida, Carlos foi levado para o mesmo local e baleado. "Então, o que matou ele estava de farda. O outro estava de coturno, farda, tudo. Quem estava de fuzil foi o cara que matou ele, estava fardado, polícia", relata.
Após os disparos, o adolescente foi levado para a UPA de Queimados, mas já teria chegado morto na unidade. Câmeras de segurança da unidade mostram a chegada do adolescente. Enrolado em um pano, ele aparece com as mãos para trás. Kelly afirma que ele ainda estava algemado.
Mãe afirma que adolescente ainda estava algemado quando chegou na UPA de Queimados com um tiro de fuzil no pescoço.#ODia
A comerciante também relata que ainda não sabia sobre a morte do filho quando chegou na delegacia.
"Eu cheguei na 52ª DP (Nova Iguaçu) e eles disseram que não sabiam do meu filho. Eu falei que meu filho estava lá e o policial falando que não estava. Com muita insistência, ele disse 'vai na UPA porque tem um baleado'. Eu disse que não poderia ser meu filho, porque eu tinha o vídeo dele vivo. Quando eu mostrei, começaram a falar que meu filho estava trocando tiro. Meu filho vivo apareceu na UPA morto. Disseram que foi troca de tiros, mas não houve troca de tiros", desabafa.
A mãe diz que não falou sobre o caso anteriormente por medo de represálias. Ela afirma que foi ameaçada durante o velório de Carlos. "Eles ainda foram me ameaçar. No velório do meu filho, me falaram para não botar na mídia. Eu fiquei com muito medo, não sabia o que fazer. Mas agora não tem essa, eles vão ter que pagar pelo que fizeram".
A Polícia Militar afirmou que o 24º BPM (Queimados) iniciou um procedimento apuratório. Além disso, acrescentou que os canais da Corregedoria e da Ouvidoria estão "disponíveis para formalização de denúncias a fim de que os setores responsáveis possam iniciar os procedimentos de apuração".
O caso foi registrado na 55ª DP (Queimados). Procurada, a Polícia Civil ainda não se manifestou sobre a situação.
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